O Homem e seu Cargo
O homem, como cidadão, é o tempo todo de sua existência. Como representante de uma instituição, é transitório. Mas, pela sociedade, a ênfase é o cargo que ele ocupa e não o homem em si. Já vi esse filme por onde passei e vi também a definição dada por um professor de uma faculdade onde estudei: "A sociedade é utilitarista, olha mais para o que você faz do que para o que você é. Para o ter e não para ser."
Nos velhos tempos, numa pequena cidade do interior, dizia-se que as maiores autoridades dali eram o Prefeito, o Juiz, o Padre, o Delegado e o Gerente do Banco do Brasil. Enqudrei-me neste último. É tanto que, dirigindo-me ao trabalho, passo à frente da casa do vizinho, que me cumprimenta e cita meu nome. Sua neta, ainda criança, na sua inocência, quer corrigir o avô: "vô, o nome dele é GERENTE."
Isto é o que ela já tinha ouvido de terceiros: "aquele é o gerente."
Assim, como já dizia Sarney, enquanto Presidente, "é preciso respeitar a liturgia do cargo." Enquanto representante de uma instituição, a sociedade não o vê como cidadão, mas como o cargo que ocupa. Assim, se para o bom entendedor meia palavra basta, não preciso dizer a quem estou me referindo. Mas estou de acordo com o que disse o ex-presidente Sarney.