Técnicos Trapalhões e Almofadinhas

COMO já afirmei, fui durante mais de 30 anos bancário do Banco do Nordeste. Sempre lidei com o crédito rural. Quando fui admitido pouco ou nada entendia da área, mas como tempo desasnei a aprendi muito com os homens do campo. Nunca tive vocação para a carreira bancária, mas me adaptei muito bem à carteira rural. E meus professores foram os cientes,camponeses, pequenos agricultores, pecuaristas... Ainda hoje sei muito do campo eda agropecuária, graças aos meus professores.

É claro que nos projetos rurais há a exigência de preenchermos certos dados que nem sempre são conhecidos do homem do campo. Exemplo: na minha Região o povo do campo não sabe o que é um hectare, lá a medida de terra é o quadro. Um quadro equivale a 1,2 hectare. Assim só o funcionário fazer a conversão. E priu.

Mas ocorre que as vezes aparecem os técnicos trapalhões e almofadinhas que não conhecem o campo e nem o seu povo.Vivem em gabinetes, distante da realidade. Então quando têm contato com o pessoal do campo cometem gafes incríveis. Lembro que certa feita apareceu uma força tarefa de técnicos do banco e da Sudene para implantar um projeto experimental. Precisaram entrevistar alguns agropecuaristas e preencher um monte de formuários. Então começaram a inquirir os agropecuaristas perguntando, pasmem, qantos sacos de capim eles colham por hectare, quantos litros de feijão, quantas toneladas de leite, quantos silos de milho, quantas arrobas de palma,além do númerode reprodutores puros, sistema de rodízio de pastagens e o escambau de grego. Resultado, tiveram que pedir ajuda "aos universitários", ou seja a mi e outros colegas. Os carinhas nunca tinham visto um pé de milho (acho que nem leram a crônica de Rubem Braga). Sempre achei que o pessoa de gabinete devia fazer um estágio no campo. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/08/2021
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