O que não me destrói, me fortalece

Como mencionei anteriormente nos textos desabafos de uma gordinha, o bullying sempre esteve fortemente presente na minha vida.

Sempre me cuidei e elevei minha alto estima, mas neste fatídico dia senti que fui impactada.

Era comemoração de dia das mães na minha escola, meu poema foi selecionado e fiquei responsável para recitá-lo em homenagem as mães, muito pobre não podia me vestir muito bem, nem aí menos tinha lindos sapatos novos, mas a ocasião pedia, comecei lavar roupas para fora, adolescente, durante todo o mês juntei o dinheirinho que ganhei, comprei roupas novas e sapatos, coisas para meu cabelo.

Neste dia tão esperado, me arrumei, maquiei, coloquei até uma correntinha que ganhei, me achei tão linda, minha alto estima mas alturas, fui para a escola, louca apara que me vissem assim, arrumadinha.

Quando adentrei, vi minha turma no corredor em frente a nossa sala, o Lauro que ressaltada qualquer diferença fisica, me tratava no dia a dia como um animal de grande porte, ao ame ver chega veio correndo ao meu encontro gritando: - Elizabeth, abriram o portão do cemitério ou tu pulasse o muro? Todos foram de mim, me senti uma formiguinha sendo esmagada pelo peso daquelas palavras e risadas, compreendi que ele me comparava a uma assombração, porque estava toda arrumadinha, minha alto estima despencou ao nível zero, sabendo as coisas que sacrifiquei para conseguir está daquele jeitinho, voei para cima dele, que era bem alto, eu bem baixinha, quebrei a cara dele em meio aos prantos, bati com irá, ele falando que era só uma brincadeira e eu batendo, ele ficou vermelho feito tomate, cheio de ematomas, era bem branquinho, eu destruída por dentro e por fora, cabelo desgrenhado, roupa amassada, maquiagem borrada, me tiraram de cima dele.

Como tive que fazer minha vida toda, me recimous, acalmei, fui quem fechou o evento, fiz todas chorarem com meu poema, reclamado ao microfone.

Os anos se passaram, casada, mãe de uma filha, por acaso um dia o encontrei num hospital, na capital João Pessoa, ele acompanhando a esposa, eu a avó do meu marido na época, recém operada.

Conversamos, ele agradeceu pela surra, que o fez melhor, acabou com a zombaria, falou que era engraçado fazer com os outros, mas depois que ele viu a dor no meu olhar, e também sentiu o bullying na pele, completando assim ,um ciclo de mudanças em sua vida.

Muitas vezes me blindei, sofri calada, tirei forças de onde não tinha e demonstrei-me e fui forte, infância, adolescência, e até hoje adulta, mas o que vivi e vivo, me fizeram quem sou, pois o que não me destrói, me fortalece.

Bullying não tem graça, tem dor e destruição não somente de alto estima, mas de vidas.

Coração poético
Enviado por Coração poético em 05/08/2021
Código do texto: T7314701
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