HONRA

Não tenho conhecimento se no serviço público existe o salutar costume da iniciativa privada de se passar ao sucessor a pasta de pendências, que os de língua inglesa chamam follow-up, e um relatório, sucinto (tipo telegráfico mesmo) sobre os últimos acontecimentos dentro da organização à qual o recém nomeado irá gerir e, na maioria das vezes, decidir sozinho o que é melhor para a empresa, seus colaboradores e clientes.

Assistimos ontem ao desmantelamento do que se presumia haver de honestidade nas ações de um dos ministros da suprema corte nacional, tanto pelas atitudes alheias ao seu mister, quanto ao seu procedimento nas funções inerentes ao cargo que ocupa no desnecessário, oneroso e inútil superior tribunal eleitoral.

Será que ele não tomou conhecimento das denúncias de fraudes, das investigações pendentes e dos processos em andamento de interesse da corte?

Se sabia de tudo isso e se ainda há algum vestígio de honra neste homem, espera-se que ainda hoje, ele apresente sua carta de demissão de todos os cargos que ocupa no serviço público e desapareça para o bem do Brasil.

Os nobres guerreiros japoneses, quando desmoralizados, praticavam o haraquiri (seppuko, para os eruditos) que consiste em auto evisceração com sabre em cuja lâmina está escrita a frase – “saiba morrer com honra, quem com honra não soube viver”...

Mas o que se pode esperar de um reles militante?