Padre

Padre

Padre é uma figura que pode evocar imagens e sentimentos controversos. Mas eu quero falar da imagem do padre que tenho.

Tenho alguns amigos padres, alguns já não me são tão próximos, mas o que eles foram um dia na minha juventude e continuam sendo até hoje, tem muita valor! Conselheiros, pais, irmãos ou simplesmente amigos. Vou tentar lembrar aqui algumas cenas do meu amigo Mór padre que marcaram de um jeito inesquecível minha vida.

Ainda bem jovenzinha meu amigo padre, me dava uns bicos para fazer, era um jeito de me ajudar a ter um dinheiro para pagar o cursinho e assim, entrar na universidade, depois eu virei a secretária Paroquial e tinha maior orgulho do meu primeiro emprego.

A gente saía pelas ruas da cidade cantando nas procissões dos santos da vida. Ele me chamava de última hora e, eu vinha feliz, ajudá-lo a cantar ou desafinar juntos! (risos) . Lembro da aprovação na universidade, pouco depois de ouvir meu nome na rádio e, ainda eufórica, dizer a ele “passei no vestibular!” ! Sim, ele estava lá! Quando lhe contei uma notícia bombástica esperando uma bronca daquelas, ele sair sem dizer nada e voltar com chocolate para acalmar meu espírito (risos). Quando tomei bronca do outro padre chefe e, em prantos, fui desabafar com ele e, ele com seu humor típico me dizer: “minha filha, você tem que ser santa !” rsrs Lembro de ligar para ele numa madrugada, pedindo para ele vir ver minha mãe que tinha umas crises (talvez de pânico, ansiedade, nem sei!) Eu achando que era coisa de “espíritos” rsrs morrendo de medo. Ele chega numa paz, toca nela dizendo “senhora, senhora” e ela acorda como se nada tivesse acontecido. De qualquer forma, ele benzeu a casa e fez uma oração trazendo paz para nosso lar. Da gente sair simplesmente para comer um churrasco no Picanha na pedra que ficou registrado como um lugar de encontrar os amigos, ou de comer uma pizza numa esquina com nosso grupo de amigos. Ter a presença de um padre na minha juventude fez toda a diferença. Quando ia casar, disse “frei, eu quero que você venha celebrar meu casamento e quero fazer a homilia" e ele dizer que sim, que eu poderia. Que padre é esse? Claro que não fiz rsrs Mas ele lembrou no dia e me pergunta no meio da cerimônia “você faz ou eu faço?” Eu estava tão feliz naquele dia, não tinha nem razão de chorar, mas minhas lágrimas vieram quando cheguei no altar e vi, meu melhor amigo ali em lágrimas, dividindo mais um momento importante da minha vida. Quantas foram as confissões que ele ouviu seja com meus prantos, meus espantos ou minhas perguntas chocantes rsrs. Quantas vezes ele foi o colo que precisei! Tem muita coisa que eu ainda poderia dizer, dizer que quando ele foi embora de Belém, eu morri e tive que fazer o luto. Que entrava na Igreja e chorava quando não era ele ali no altar, que ficou um vazio dentro de mim como um pote, um poço, cheio de saudades, mas que pouco a pouco as saudades se tornaram lembranças felizes do meu amigo padre, meu conselheiro, pai espiritual que me falava sempre de Jesus e de Nossa Senhora com uma fé tremenda, que era para mim o próprio Cristo vivo me amando sem julgamentos. Que era um menino lindo de olhos azuis, se sentindo tão pequeno pela sua natureza imperfeita, como a minha. Era isso que nos fazia tão grandes: nossa humanidade. Eu o ouvia, ele me ouvia. Ele era humilde para escutar uma pobre jovem inexperiente da vida que se atrevia a dar conselho a padre e ele dizia “quer ensinar o padre nosso ao vigário?” rsrs Mas ele me ouvia. Eu não poderia não amar esse padre, esse homem, meu amigo Frei Luiz Giudici!

É claro que escrevi esse texto chorando e rindo.

Feliz dia do padre a todos os padres!

04.08.2021

Isabel Cristina Lopes
Enviado por Isabel Cristina Lopes em 04/08/2021
Código do texto: T7313918
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