POBREZA EXISTENCIAL

A vida não se resume só a grandes quantias... Cifras e outros valores materiais. As coisas incalculáveis, que restauram o sentimento, que revestem a alma são pequenas, miúdas, singular.

Até hoje poucos me perguntaram o que realmente quero, almejo ou desejo de fato, os poucos pelo qual consigo expressar essa sensibilidade são os que estão pronto para falar de qualquer assunto, e carinhosamente costumo chama-los de “relevantes” pessoas que realmente solvem a sensibilidade da causa dos outros que na amplitude acaba sendo uma causa de todos nós.

Não só de moedas, riquezas, empreendimentos milionários, insumos palpáveis, se resume o substancial de uma vida. Vivo muito além de ser o que eles queriam que eu fosse de fato, um receptor de ordens imediatas onde o controle remoto está nas mãos dos ditos poderosos. ou então um desalmado que passa em cima de tudo e de todos, um ser que exibe as etiquetas das roupas de marca, um seguidor de conceitos já feitos e impostos, um marionete que expõe sua vida a mercê dos outros que o manipulam.... Mas ainda estou aqui, intacto, vivo assim, faço desse modo, descalços ou não, rasgados ou não.... Todos merecem respeito, respeito para sentirem humanos, valiosos e com oportunidades igualitárias.

Na verdade a ganância move nosso mundo, todos correm atrás do ouro, prata, carvão, ferro, carro, casa de praia, carteira cheia e alma vazia, mas depois de tudo a mesma terra que todos pisam é a mesma que nos enterram.

Sabe se eu pudesse ia viver alternativamente plantando para comer, nessa terra que apesar de tudo ainda brota alguma vida, alguma semente, tomando água da fonte só som míseros pares de roupa e com os pés no chão sentindo a energia do solo, e isso é desmerecimento? É falta de atitude? É desperdício, como eles mesmos dizem.... mas lá fora o mundo é outro, um querendo engolir o outro, querendo cortar o pão com faca de lamina de prata, e escorrer a manteiga com utensílios de ouro. Mas ainda faço uma ceia para os mendigos, carentes, indigentes com utensílios de plástico mesmo... para isso ia me servir o dinheiro.... Esse bem dito e adorável dinheiro que se rasga na chuva, durável ate que ponto?

Estou mais “pobre” (menos apego) que antes, mesmo tendo um pouco mais de coisa hoje em dia, mas sabe o que vale a pena nisso tudo? Disso quase ninguém pergunta de nossa “inusitada pobreza existencial”. O que vale a pena é que posso falar com qualquer um, ir e vir sem dever, sem rabo preso, sem ter que da satisfação e prestar contas, e andar pelo dia ou perambular pela madrugada. No grande sistema chamado mundo; uns atrás do muito, outros atrás de pratos vazios, mas do jeito que as coisas estão o fundo do abismo será igual para todos: Negros, brancos, vermelhos, engravatados, hippies, políticos, bispos, mendigos, eu, você, o cara da esquina, a mãe, o pai, o filho. Sabe de uma coisa viver ta cada dia mais difícil fora da selva, porque lá os animais lutam pela pura sobrevivência, e os animais daqui da selva de concreto: lutam pela riqueza exagerada, bens de consumo, catástrofes, e a falta de divisão de um pão pelo menos dormido, velho... Como a mentalidade estacionária deles mesmos.

Mas se ainda estou aqui tenho que agüentar, andar na corda bamba, e fazer desse caminho um aliado e não tropeçar nas pedras que sobraram da destruição deles.

Já que o mundo que tenho pra viver é só esse, ainda tento, fico sempre atento.... Então me falam nos ouvidos ou ouço rumores, indiretas, sussurros, mas nunca uma autenticidade a não ser dos relevantes, sempre quer saber: E ai que você está fazendo? Está ganhando bem, dinheiro? Tens carro? Riquezas... só riqueza, mas nunca diz o simples, o oportuno: vamos montar algo, pra ajudar alguém, vamos mudar esse quadro social, essa vida sofrida dos outros essa falta de oportunidade, mas cheia de oportunistas.

Mas o certo é que muitos ainda virão, ou talvez nem chegue... E se alguém algum dia achar que isso aqui é ruim, saiba viver “distante”, mas perto deles, e quando for ouvi-los que seja para achar o caminho e não para abrir buracos nele, um dia ainda chego lá... E quando lá estiver vou lembrar daquele pão dormido que um dia saciou minha fome.

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 10/11/2007
Reeditado em 11/11/2007
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