Sobre as pranchas
Do outro lado do mundo havia uma disputa de pódio onde existia a mistura de indivíduos lutando para subi-lo e o brasileiro que chegou primeiro ao topo foi um alagoano de origem pobre que se equilibrava quando criança na sua prancha de isopor para fazer as manobras que deliciava as manhãs de sua avó. Na final contra o anfitrião, o favorito não se abateu quando a natureza se sentiu ameaçada pelo seu protagonismo a partir sua prancha ao meio e como um peixe aruanã saltou para pegar sua medalha de ouro.
Havia também uma imperatriz vizinha que de alcunha Fadinha brincava com sua prancha de rodinhas numa pista calente e sorria e dançava e vencia. A pequenina maranhense subia ao penúltimo degrau, mas com a supremacia do primeiro e quando chegou aqui recusou o palanque dos carniceiros. Eram dois nordestinos que abriam a passagem para tantos pequeninos que como eles desejam manobras radicais vencedoras.
Uma beldade negra também deu o ar de felicidade e mostrou a sua graça ao dar saltos gigantes na arena ao conquistar no solo uma fivela redonda de prata ao som da arte funk da favela. Ela não deslizava sobre as ondas do mar, nem sobre os corrimões da Skate Park, todavia, corria e se impulsionava no trampolim a tocar suas mãos graciosas numa prancha a dar o mais belo voo acrobata que colocou mais uma vez a humildade no tope.
Os nordestinos e a negra sobre as pranchas da vitória tinham os sorrisos em seus olhos que derramavam lágrimas de alegria que antes eram de melancolia gerada por aqueles facistas, negacionistas, xenofóbicos, racistas e homofóbicos que nos visitam em plena pandemia sem agenda oficial.