O GRITO DO SILÊNCIO QUE ECOA

Cada vez mais o ser humano tem demonstrado embaraço em ter que fazer um simples silêncio. É o som dos carros no trânsito diário; é a mobilidade da vida que nos conduz para aonde haja dinâmica, para aonde o som prevaleça. Em todo o tempo parece que estamos em ocupação e tudo ao nosso redor nos chama a atenção. Temos estado envolvidos com o que é externo a nós e passamos a conhecer muito do que há lá. Contudo uma ideia contrastante e verdadeira é que conhecemos o que está fora de nós, mas muito ainda pouco do que está em nosso interior. Para o escritor, norte-americano, Mark Twain, “como a abelha trabalha na escuridão, o pensamento trabalha no silêncio e a virtude no segredo”. Almejamos intuir os resultados da vida pelo som das palavras, mas pode ser que compreenderemos mais no silêncio que nos fará refletir de maneira genuína e incessante.

Estamos acostumados a alimentar nossa mente e espírito com expressivas palavras. Todavia quando nos deparamos com o grito do silêncio podemos nos apavorar e pensar que estamos adentrando em um mundo vazio, sem cor e sem energia. Ocorre que a ausência de som é o resultado da não manifestação do barulho. E pode ser que nos conduzamos e aprendamos muito mais com o som interno que habita dentro de nós; que pede para ecoar. No entanto muitas vezes não, por falta de prática não permitimos que o nosso interior se expresse. E o nosso silêncio pode nos orientar a tomarmos decisões, a estarmos mais preparados para o que nos cerca. Ainda assim é nesse silêncio interior que podemos descobrir definitivamente quem somos e quais são os nossos propósitos. Não sem razão nos disse certa vez o filósofo chinês, Confúcio, que “o silêncio é um amigo que nunca trai”. Ainda assim o dramaturgo irlandês, Oscar Wilde, nos orienta que “se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo”.

De certo que é sob o silêncio que na maioria das vezes ideias extraordinárias ocupam o nosso intelecto e que assim nos auxiliam na condução da lida da existência. Para o General Francês, Charles de Gaulle, “nada faz realçar mais a autoridade do que o silêncio, esplendor dos fortes e refúgio dos fracos”. Nesse mundo de incertezas quanto mais aprendermos a cultivar silêncio, mais aprenderemos sobre os outros e sobre nós mesmos. O silêncio é ainda ato de equilíbrio perante as intempéries que se apresentam a nós. Igualmente é cogente não somente nos silenciarmos, mas sabermos como e quando cultivarmos a arte de nos calarmos para enxergamos e compreendermos muito mais do que está a nossa frente. À vezes o som desordena e cega, mas o silêncio equilibra e liberta. Por outro lado a cultuação do silêncio e da palavra deve estar sobreposta sobre as múltiplas inteligências e experiências que desenvolvemos pela vida. E por fim a palavra milenar nos instrui em Eclesiastes 3: 7,8 que para tudo há um tempo nessa vida “...tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz”. Enfim, cultuar o silêncio pode ser um grandioso ato de lucidez e amor para com outro.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 01/08/2021
Reeditado em 01/08/2021
Código do texto: T7311806
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