ILUSÕES PERDIDAS.

Olá, amiga!

Perdoe-me por incomodá-la, ainda que seja através das perecíveis palavras de uma crônica, página quase não lida nos jornais, desejo do olhar alheio de poucos.

Estou em um refúgio... O conheces bem... Lembra-te da nossa infância? Certamente recordará do lugar que descrevo.

De onde estou agora, bem a minha frente, cercada de grandes árvores, no deitar de uma harmoniosa tarde, quase toscana, em uma casa à beira de um riacho, eu escuto o som de uma música pra lá de brega.

Talvez seja um churrasco de despedida do Domingo que se desfaz em pedaços melancólicos. Talvez algum escravo do sistema, operário da servidão mundana, extremamente angustiado por saber que no outro dia se ocupará da laboriosa tarefa de fazeres universais tão odiosos, buscando na bebedeira a razão para não ter emoção. Assim como nós fizemos em muitas das vezes, 'lembra', quando ficávamos na expectativa do dia de amanhã, que nada mais seria a mesma coisa de todos os outros dias, sem nenhuma novidade que embale o coração. 

Embora... Para essa que vos escreve, vê-la, ouvi-la, torna-se uma satisfação completa. Quantas saudades tenho de ti.

Mas... Estamos presas em nossos mundos de fantasias literárias, ilusões perdidas.

Não somos o que gostaríamos de ser, na verdade, nos tornamos o que mais repudiavam, justamente o objeto de nosso ódio completo. A vida é assim, andando sempre na contramão dos nossos sonhos para sobreviver na expectativa de alcançar o inalcançável.

Sei que como eu, você também se detém nas amarras indestrutíveis do ofício à qual nos prende em ordenanças bestiais por diferenças desconexas à realidade que as cercam. Aqueles que conhecem o sistema geralmente são desprezados, destituídos e envergonhados, simplesmente para alimentar egos vazios dos que pensam saber. O mundo clama por gritos ferozes de liberdade minha pequena rainha, quando na verdade o que ele tem são peidos secos.

Sei que estou exagerando hoje minha amiga, isso não é novidade para você não é mesmo. Espero não estar sendo enfadonha contigo meu bem, às vezes, não consigo controlar os meus pensamentos e impulsos, minhas insanidades, a prosa que verte do meu pálido coração. Quando estou em crises internas, é você a única a me compreender e que me ama mesmo em face de meus erros. Amando a escrita como eu amo, compreende o que se passa nos recônditos mais ocultos de meu coração.

Mais uma vez estou fugindo da realidade, era para ser outra crônica qualquer, porém, emoções roubaram toda minha razão, entreguei-me a emoção de jogar o coração no papel. Estou tranquila quanto a isso, o Tiago me compreende bem, embora ele não a conheça ainda, sei que quando a conhecer, vai se impressionar com a candura e pureza que veste sua alma.

Estou ainda engatinhando no campo das crônicas, relatei muito com o Tiago em aceitar fazer parte de seu projeto, mas, ele me convenceu é aqui estou, é ótimo um poeta, conhece bem as palavras e as sabe usar bem. É um projeto para este ano unicamente, eu já participei de outros trabalhos em seus livros, ( poesias ), de crônica é o primeiro e único, eu acho.

Despeço-me sem mais delongas caríssima, espero vê-la logo, talvez trabalharmos juntas em algum projeto maluco.

( L. B )

LUISE BATILIERE.
Enviado por Tiago Macedo Pena em 01/08/2021
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