SOMOS O QUE SOMOS
Tenho um amigo, e somos mesmo amigos, embora moremos na mesma cidade e raramente no encontremos. Eu me aposentei faz tempo, ele ainda está na ativa. Ele gosta muito mais de música do que eu, começamos juntos no violão, segui e ele parou, achava muito sofrido, é melhor que eu em tudo em relação à música, ouve mais, entende melhor os ritmos, é mais culto, além de tudo escreve muito bem e sabe escrever bonito, sou só mais teimoso que ele.
Há um tempo, exatamente no dia que o Palmeiras ganhou a final contra o Santos, na libertadores. Palmeirense que é e santista que sou, ele me mandou um zap tirando uma casquinha, mal sabia que abandonei o futebol há mais de dois anos e nem sabia direito desse jogo.
Aproveitei e pedi para que escrevesse uma letra de música pra mim, pois sei que faz isso muito bem, eu prefiro musicar letras de outros, assim não direciono no sentido de me facilitar a composição da melodia.
Passados uns dias ele me mandou uma letra, mas junto veio uma decepção, fez exatamente o que não devia, cantou a melodia que imaginou para a composição. Não disse nada a ele, mas me tirou completamente a vontade de fazer qualquer coisa com aquela letra. Fiz a melodia do meu jeito, não consegui gostar, mandei pra ele e ele me disse que embora tivesse saído diferente daquilo que tinha pensado, achou que ficou boa.
Guardei somente a letra e se eu me esquecer do que fiz anteriormente, volto a musicá-la novamente.
Parece chatice minha, mas me defendo e digo que não é! Como iria conseguir ser original em cima de uma obra já esboçada? Minha intenção era compor a melodia e não somente fazer um arranjo.
Talvez seja um problema interno meu, poderia ter ignorado e não feito nada ou feito sem me ligar naquilo que me mandou, mas é o meu jeito, sou assim.