FALTA HOMEM SENSÍVEL NO BRASIL
Outro dia eu estava na Argentina, sozinho, à noite, num restaurante típico portenho, com “colores coloradas” na decoração, velas nas mesas, ao carne sendo servida e um vinho tinto local me servindo de companhia. O som que vinha do palco era o mais puro tango cantado por uma voz inebriante e sendo seguido por um “bandoleon” e um tambor.
A platéia era de casais de idade similar a minha e alguns fanfarrões estrangeiros que conheciam aquela cidade argentina de povo humilde e acolhedor; e eu, mero espectador, lembrando dos meus velhos tempos de boêmio na Bahia.
Hoje à noite, eu me peguei escutando “Por una cabeza”, de Carlos Gardel, relembrada finamente no filme “Perfume de mulher”, na cena célebre onde Al Pacino, cego e elegante, tira uma moça linda e jovem para dançar, chamando a atenção de todos os presentes e balançando o frágil coração da moça, que se põe apaixonada por tanta delicadeza daquele jovem senhor de meia idade.
Isso me fez pensar no que está acontecendo hoje, com a nossa jovem juventude que encara um baile funk durante a madrugada; ou que se droga por horas a fio, com entorpecentes sintéticos e ácidos; ou ainda, os que bebem até cair, esquecendo que existe um glamour tão simples de ser vivido, que está sendo aos poucos, esquecido e jogado num latão qualquer de lixo.
Ouvir “por una cabeza” agora a pouco me fez lembrar de tempos idos em que eu ia aos bailes orquestrado, normalmente bem trajado, com um perfume que atraía a atenção das senhoritas presentes (Drakkar Noir de Guy Laroche), ouvindo velhos clássicos da boa música mundana e que dançava até o raiar do dia, passava num boteco para comer alguma coisa e esperava saudoso pelo próximo programa similar.
Eu tenho autoridade para afirmar que o homem de hoje, nem de longe, é parecido como o de anos próximos atrás. Este homem que se diz moderno sepultou a cortesia, matou o romantismo e elegeu a perversão inescrupulosa como a predominante nas camas dos motéis. Ninguém mais se preocupa em flertar, acariciar, dizer coisas provocantes ao pé do ouvido; hoje, o que se vê é um olhar sexual e uma noite de sexo sem muitas vezes sem ao menos ser trocado um par de palavras e nada mais.
Sexo é maravilhoso, é divino e poder usufruir disso todo dia e toda hora é o ápice do prazer, mas antes disso, precisamos executar algumas tarefas simples que transformam o momento do sexo em algo muito maior do que o próprio prazer orgástico.
Eu não sou nenhum Dom Juan, muito menos Leonardo di Caprio, mas aprendi nestas décadas de vida e muitas paixões, conquistas, namoros, casamentos e sexo, a ser um conquistador eterno, um sedutor. O homem precisa seduzir sempre e poder agradar as moçinhas de 17 até as moçinhas 71 (72, 73...). O homem de verdade conquista inúmeras vezes a mesma mulher, se apaixona várias vezes e ama eternamente a sua arte da conquista. Eu já seduzi várias vezes a mesma mulher, sem ao menos lembrar de que ela era a que dormiu a noite anterior em minha cama e faço isso até hoje com minha esposa.
Falta o jogo do olhar, os bilhetinhos convidativos, os torpedos no telefone que apimentam a noite seguinte; falta à gentileza, a dança e mesmo sabendo que não há mais as mesas com velas e candelabros sugestivos, o homem precisa resgatar um pouco daquela época de ouro em que fazíamos as mesmas coisas de hoje, mas com um toque de glamour que ninguém mais sabe fazer.
Eu já entrei na idade do “enta” e jamais gostaria de ter 20 ou 30 com a cabeça daqueles que vivem hoje; durmo com minha esposa querida todas as noites e mesmo aquelas mais chatas onde eu não consigo o desempenho de 20 anos atrás com meu “falo”, minha cabeça não me trai e me faz criativo para fazê-la feliz e me fazer feliz todos os dias.
Falta sedução, romantismo, palavras cantadas, flores; pois nada disso quer dizer “ser cafona”, pelo contrario; desta forma nos tornamos diferentes e nos colocamos num clube seleto e cada vez mais escasso de membros.
Por favor, senhores homens: sejam mais gentis e conquistem suas gatas da forma mais carinhosa possível, mesmo que elas adotem o estilo selvagem, é possível ser selvagem com carinho e romantismo e faze-las amá-lo de várias formas por várias vezes.
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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