As parábolas sempre encerram enigmas educativos. E, a parábola dos cegos e o elefante possui diversas versões. A primeira versão surgira num texto budista Udana e integra a coleção de escrituras Pali Canon. Essa rica parábola indiana cogita sobre as divergências de opinião, tão comuns em nosso tempo.
Havia um grupo de homens cegos que ouviu que um animal estranho e grande se aproximava, era chamado de elefante e havia sido trazido para cidade. Porém, nenhum do grupo conhecia sua forma. E, então, curiosos, perguntaram se poderiam conhecê-lo através do toque, pois os cegos são muitos capazes, na arte do tato.
Quando, finalmente, encontraram o elefante, começaram a tattear e discutir entre si. E, cada cego tocou numa parte do animal, e, confiante em sua habilidade, discordava dos demais. Eis, que percebiam que estavam tateando e explorando um animal enorme.
O primeiro cego, cuja mão posou na tromba, afirmara: - Esse animal é uma cobra grossa!. O outro cego, cujas mãos alcançaram a orelha, discordou: - Não, é como um leque!. E, o outro homem, que tateava a perna do elefante, rira dos demais e afirmou: - esse é animal é como um tronco de árvore!
Mais um do grupo que tateava a barriga do animal, disse: - O elefante é como uma corda!.
E, o último cego do grupo, já terrivelmente irritado com tantas opiniões diferentes, e que sentia a presa do elefante, afirmou em tom de sabedoria: - O elefante é como uma lança!
Enfim, os homens se comportam diante da verdade, pois tocam apenas uma parte e, acreditam conhecer o todo. Por essa razão, continuam ser tolos.
A divergência de opiniões é problema recorrente na história da Filosofia e, por isso, cada um pensa estar tão bem provido de bom senso, tanto que não deseja ter mais do que já possui.
 A diversidade de opiniões, não provém do fato de uns serem melhores do que os outros, mas tão apenas, porque os homens não levam em consideração as mesmas coisas.
A maior lição da parábola dos cegos e o elefante é que cada um dos homens não leva em consideração as mesmas coisas. Pois, cada um consegue perceber apenas uma parte do animal (ou uma parte da verdade). E, o fato de serem cegos, e certos da verdade, seja o seu maior simbolismo.
Por isso, a dúvida é a mãe da sabedoria. Perguntai-vos intimamente: Qual é a parte da verdade que você toca?
Como já afirmou Descartes:
"As maiores almas são capazes dos maiores erros, tanto quanto das maiores virtudes, e os que andam muito lentamente podem avançar muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que se apressam.”

P.S. A palavra elefante chegou ao português nosso de todos os dias por meio do latim elephantus. Mas não nasceu na terra dos Césares. Veio ao mundo na Grécia. Lá, eléphas-antos designava dois seres – o bicho e o marfim.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 29/07/2021
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T7309961
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