AS ÁRVORES DO OUTRO LADO DA RUA

 

Há duas grandes árvores do outro lado da rua, em frente ao prédio onde moro. Não sei a espécie, só sei que são muito bonitas, frondosas, mas cresceram demais para o ambiente onde se encontram, com galhos que atrapalham a passagem de pedestres. Eu não dedicava muita atenção a elas, porém, nesse ano e quatro meses em que fiquei confinada em casa, devido à Pandemia, passei a vê-las com mais interesse.

Em março deste ano de 2021, cobriram-se de flores alaranjadas, ficaram vistosas e alegraram a minha vista da sacada. Nesse mês, final de verão, eu costumava sentar-me na varanda para tomar sol e apreciá-las. Depois, veio o outono, as flores caíram e sementes apareceram, uns círculos muito leves contendo bolinhas pretas que começaram a se dispersar com as ventanias da estação, como discos alados, flutuando e caindo sobre as calçadas e gramados da redondeza.

Agora, estamos em pleno inverno. Não me sento mais na sacada devido ao frio intenso mas da janela da sala eu vejo suas folhas secas caindo com a leveza de plumas amareladas, amontoando-se na calçada e na rua. Em duas ou três semanas estarão completamente nuas, sem folhas. A Natureza é encantadora. Acompanhar o seu ciclo, mágico exercício. Há o tempo de germinar, de crescer, florir, frutificar, lançar sementes, perder folhas e, depois, todos os anos, continuar crescendo e repetindo as outras fases, ganhando novas folhas e, nesse moto contínuo de vida, prosseguir com a finalidade de perpetuar a espécie. Que ensinamentos a Natureza nos traz. As árvores sabem o tempo certo para tudo, até para secar, perder galhos, morrer. Estas árvores, em particular, já cresceram muito. Em dias de tempestade, ameaçam derrubar grandes galhos ou mesmo cair sobre os carros estacionados ou pedestres, podendo causar danos, ferimentos, quiçá mortes. Encostam nos fios de energia elétrica, deixando-nos horas no escuro. Liguei para o número 156 da prefeitura, protocolando um pedido de poda das mesmas à Secretaria do Meio Ambiente. O prédio mais próximo às árvores tem sua frente toda de vidro e se elas, que já lhe tocam as janelas, caírem sobre a fachada, certamente, vão produzir estragos. É melhor prevenir que remediar...

Logo chegará a primavera com temperatura mais amena e, no verão, as pessoas se sentirão abraçadas por sua sombra acolhedora a resguardá-las do sol e do calor. A mim, trouxeram alento e promessa de vida durante esse tempo tão desafiador de Pandemia. Vicejam saudáveis, indiferentes ao asfalto e ao concreto, ao trânsito de automóveis e ao meio hostil ao seu redor.


 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 25/07/2021
Reeditado em 05/03/2022
Código do texto: T7307176
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