Um Convite Irrecusável!

Aqui estou eu, preso a esse balcão tentando me esconder do sol inclemente debaixo dessa tenda e também debaixo dos olhares desdenhosos de reprovação da multidão que passa por mim, todos os dias.

Sou natural de Nazaré, mas fui designado por Herodes Antipas para estabelecer a Coletoria na cidade de Cafarnaum, portanto, em função da minha designação, sou um  publicano, responsável por coletar impostos no território ocupado pelo Império Romano.

Você me perguntou por que estou sempre sozinho?

Aí está a razão!

Sou um homem marcado pela discriminação e, pior que isso, sei que sou odiado por muitos dos meus próprios conterrâneos por duas razões e, é claro que isso me deixa muito triste porque não correspondem à realidade.

A primeira delas é porque, como coletor de impostos, eu trabalho para o governo do Império que ocupa as nossas terras arrecadando valores impostos pelo governo romano na administração de Herodes, rei da Galileia. Sou apenas um funcionário público, e como tal não me compete concordar ou discordar da arrecadação ou dos valores estipulados e taxados pelo governo.

Ocorre que sendo judeu, sou desprezado por trabalhar para os nossos inimigos e usurpadores do nosso território e, ainda, sou também desprezado pelos romanos porque sou considerado por eles, um traidor da minha pátria. Além disso, por me considerarem um traidor, muitos acham que eu me aproveito da função pública para enriquecer ilicitamente fazendo fortuna com a corrupção.

Tenho a minha consciência tranquila, pois sei quem eu sou e sei como exerço a minha função com honestidade. Desde minha infância, aprendi com o meu pai Alfeu a virtude de ser honesto e sincero em todos os meus relacionamentos. Na verdade, o significado do meu nome, Levi, está ligado ao sacerdócio levítico estabelecido pelo profeta Moisés há centenas de anos e, isso revela muito sobre o meu caráter e procedimento.

Segundo as orientações dadas por Yahweh e transmitidas à nossa nação através de Moisés, os levitas não poderiam ter patrimônio em Israel e, assim, como estou ligado à tribo dos levitas, eu não tinha propriedades e isso, talvez tenha sido a razão da desconfiança do meu povo em relação ao meu trabalho.

Com a ocupação militar dos exércitos de Roma em nossa Terra, fui dispensado dos serviços no templo e precisei me submeter à jurisdição de Herodes que reconhecera a minha formação e capacitação intelectual. No entanto, a discriminação, a rejeição e o mau juízo das pessoas a meu respeito fizeram-me pensar várias vezes na possibilidade de abandonar esse trabalho.

Confesso que já me perguntei, muitas vezes, por que insistir em permanecer na função se esta não me permite realização pessoal ou, se esta não me permite influenciar pessoas noutra direção ou, na direção do Bem Maior, do Amor, da Honestidade, da Solidariedade, do Respeito e do Temor ao Deus de Israel?

Mas, espere um pouco meu amigo!

Que barulho é este que estou ouvindo?

Por que tanta gente na rua, nesta manhã?

O que está acontecendo de tão especial? Quem é esta pessoa que se aproxima da minha tenda, cercado pela multidão?

Será Jesus, aquele galileu famoso que anda pela Palestina realizando milagres sobrenaturais e transformando a vida de tanta gente?

Parece ser Ele mesmo!

Ah, meu amigo, permita-me descrever aquele momento que marcou a minha vida, para sempre:

"Ali estava eu, curioso, vendo a multidão passar diante da Coletoria quando percebi o Galileu deslocar-se do centro da multidão e caminhar na minha direção. Por um momento pensei que seria, como tantas vezes acontecera, recriminado e desprezado por algum gesto inamistoso. Isso não aconteceu! Ao contrário, dirigindo-se a mim Ele simplesmente disse: Segue-me!"

Aquela voz branda e amistosa; aquele gesto de acolhimento e o seu olhar penetrante e convincente não me permitiram duvidar do Seu chamado. Ele estava me escolhendo para segui-Lo; para caminhar junto dEle; para viver a grande aventura da minha realização pessoal na companhia do Mestre por excelência. Como poderia eu recusar o convite?

Sem pensar duas vezes, levantei-me, organizei tudo que estava sobre a bancada e os livros, entreguei-os aos demais servidores e, sem olhar para trás uma única vez passei a segui-Lo; tornei-me um dos seus discípulos.

Durante os anos que se seguiram e para a posteridade futura, sempre serei visto como uma pessoa desonesta e avarenta por ter exercido a função administrativa de um Coletor de Impostos. Hoje eu não me importo com isso, pois aquilo que para mim poderia ser um ganho, abandonei completamente para seguir a Jesus, o Cristo, o Messias Prometido. E disso nunca me arrependi!

Continuo o mesmo Levi, filho de Alfeu, e embora também me chamem de Mateus. A  minha formação acadêmica, o meu conhecimento da Torá que é a mesma Lei Mosaica, e todas as minhas anotações feitas ao longo dos anos em que andei na companhia do Mestre até à sua morte, me credenciaram a escrever a biografia de Jesus conhecida posteriormente como "O Evangelho segundo S. Mateus".

Convido você a ler a biografia para conhecer mais de perto Aquele que me deu nova razão para viver plenamente realizado e satisfeito com a melhor companhia que poderia ter em toda a minha vida - Jesus de Nazaré, o Messias Prometido e identificado também por Emanuel, que  significa Deus Conosco.

Pr. Oniel Prado

Inverno de 2021

25/07/2021

Brasília - DF

Oniel Prado
Enviado por Oniel Prado em 25/07/2021
Reeditado em 25/10/2021
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