Con toda la ternura
Não vi, mas meu “chefe” comentou sobre os lances afetivos no final do hóquei entre Espanha e Argentina. Senhores, o amor está cada vez mais lindo, está no ar e nas cabeças. Imagino a cara do Galvão (não sei quem estava “irradiando” o jogo). Provavelmente foi bem na hora em que se teciam comovidos comentários sobre a união dos povos, sobre a paz mundial, sobre a solidariedade. Pois nessa hora de comoção, o laço correu solto “na casa da Noca”. O jogador espanhol levou uns bordunaços, com o taco de hóquei, do terno jogador argentino. Não me surpreendem mais tais manifestações de carinho, o mundo continua se estapeando, sem freios. Esqueci em que ano foi, mas era numa reunião de monges do Tibete para a escolha de um novo líder. Um espetáculo plástico muito lindo, os monges com túnicas vermelhas, gestos discretos, o retrato do nirvana, da pacificação. Amados, creiam, de repente, do nada, a coisa descambou para a chinelagem. Festival de cadeiradas, duplo carpado, maculelê, voadoras, rabo de arraia, enfim, o festival da pancadaria (eu ia dizer da porrada, mas não seria de bom tom, não gostaria de magoar os mais sensíveis). Todo o contingente tibetano santificado se dando na cara. Final dos tempos, irmãos. Pois foi neste dia – enquanto me caíam todos os butiás dos bolsos – que a minha fé na humanidade definitivamente pegou o caminho da roça. Monges se esbofeteando a bandeiras despregadas, misericórdia! Mas bueno, voltando ao hóquei, dizem que espanhol que levou o taco na cuia, esticado no chão, gemia e balbuciava: “La culpa es de Bolsonaro”.
Preciso urgente de um café.