ZEZÉ, MEU IRMÃO MAIS VELHO

Hoje, pela manhã, lendo um texto de meu estimado amigo William Santiago, que faz referência a um irmão, deu-me vontade de falar de alguém muito especial: o José Fidêncio Pereira de Souza, meu mano mais velho.

O Zezé, hoje, está com 82 anos. Nasceu em 17 de novembro de 1938, um ano após o casamento de minha mãezinha. Na cidade de Rio Espera. Contava ela que ele era lindo demais. Lourinho, dos olhos azuis, chamava atenção das pessoas pela extraordinária beleza. Dizia, também, que todo mundo que o via tinha que ‘mexer’ com ele.

Muito bem. Acho que devemos homenagear as pessoas enquanto elas estão vivas. Concordo. Por isso, já que meu irmão está 'vivinho' entre nós, graças ao bom Deus, resolvi redigir este texto e falar um pouco dele.

Na roça, quando tinha aproximadamente uns dezessete ou dezoito anos, o Zezé veio para Belo Horizonte. Sim, para trabalhar junto a meu tio Bernardino, no bar que ele tinha na Praça do México, no bairro Concórdia, aqui na capital mineira. Lembro-me, quando criança, um dia antes de meu irmão sair de casa, com destino à capital, de que ele, deitado numa cama, no quarto da frente de nossa saudosa residência na Piteira, em Rio Espera, recebeu a recomendação, levada por mim, da mamãe: “Chegando a Belo Horizonte, não vai conversar na masca não!” Pesquisando não encontrei o significado disso, na internet. Mas acho que é não conversar aquilo que não precisa. Quando falo isso para meu irmão, damos boas risadas.

Passado algum tempo, minha família inteira, em 1954, veio para Belo Horizonte e o José Fidêncio deu sequência à sua vida. Saiu do bar do Tio Bernardino e exerceu algumas funções em Belo Horizonte. Como: auxiliar de laboratório de prótese dentária, aprendiz de ourives... etc. etc. Estudou e concluiu o ensino fundamental no antigo e já fechado Colégio Afonso Celso, que estava situado na Rua da Bahia, esquina de Av. Augusto de Lima, aqui em BH.

No ano de 1964, trabalhei como “office-boy” em uma loja de móveis, na Rua Curitiba, 701, aqui também na Capital. Estando meu irmão desempregado e, sabendo que tinha capacidade para tal, apresentei-o à senhora Vilma, gerente da loja, que o aceitou com bom grado, tendo ele ganhado um bom dinheirinho, como vendedor, já que seus salários eram acrescidos de uma gorda comissão sobre as vendas.

O José Fidêncio, certa vez, quando namorava uma moça em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, me levou para conhecê-la. Eu era adolescente. Gostei muito de ter ido lá. Lembro-me de que dormimos em uma pequena pensão na cidade, local onde tinha ele o costume de ficar. Foi com muito prazer que ele me levou. Não me esqueço disso. Ele tinha um carinho grande para comigo.

O tempo foi se passando. Em 1969 ou 1970, não me lembro bem, meu irmão se casou com uma moça de Pitangui. Maria Helena Costa. Foi uma festa muito boa. Realizada na casa que havia construído e ainda mora lá, na Rua Joaquim de Paula, esquina com Rua Adelina Rita de Jesus, também aqui em Belo Horizonte. Desse casamento nasceram duas filhas: a Andrea e a Rosilene. Duas sobrinhas pelas quais tenho o maior carinho e admiração.

Não queria falar sobre isso, mas, como ele escapou da morte, resolvo relatar rapidamente o fato agora. Tendo caído de uma escada muito alta, acabou parando no Pronto Socorro, com várias costelas quebradas, sem contar o corte na cabeça. Ficou vários dias internado. Quase morreu mesmo. Agora se encontra em casa, quase que totalmente recuperado, mas livre do buraco para o qual todos nós temos que ir um dia.

Deixo, pois, registrado neste texto, meu profundo apreço pelo Zezé, meu irmão querido, que, aos poucos, se Deus quiser, vai encontrando seu ritmo normal de vida, tentando esquecermo-nos do grande susto por que ele e nós da família passamos.

Grande abraço, meu irmão!

LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA
Enviado por LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA em 24/07/2021
Reeditado em 23/08/2021
Código do texto: T7306157
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