EXPERIÊNCIA É TUDO
Sabe esses brinquedinhos que a gente, sem se dar conta das conseqüências, presenteia uma criança? Pois é. Fiz uma besteira dessas em uma ocasião. Comprei uma flautinha e dei de presente para o meu filho, Wellington, então com uns seis anos de idade.
Se arrependimento matasse eu e a família inteira estaríamos mortos uma semana depois.
O piá sentava na varanda e ficava importunando o sossego da família o tempo todo. Aquele som estridente machucava nossos ouvidos e quem disse que os apelos insistentes para que ele parasse adiantavam alguma coisa. O pirralhinho não estava nem aí para os apelos dramáticos dos sofredores que compunham a platéia.
Em uma manhã de domingo estava a Gasparzada reunida e a sinfonia da flauta comia solta. Dia de grande inspiração do Wellington. Caprichava firme no sopro para que as supostas notas musicais saíssem agudas, estridentes, abusivas, lancinantes.
Foi aí que entrou a voz da experiência, do macaco velho, daquele que sabia solucionar uma questão digna de prova do Ita: - como fazer o Wellington desistir de sua vocação instrumental? Com uma frase, meu pai resolveu a questão:
Tinha um senhor, morador de rua, chamado Pimentel que sempre ia pedir uma ajuda para minha mãe, Felicidade. Era uma pessoa de uns 50 anos, maltrapilho e sem dentes na boca.
Meu pai falou para o neto Wellington:
- O seu Pimentel toca esta flauta que é uma maravilha.
Foi o que bastou. O Wellington largou a flauta e correu para o banheiro lavar a boca. E nunca mais pegou na flauta.
Questão resolvida. Experiência é tudo na vida.