DIÁRIO DE UM NOMOFÓBICO
Olhos arregalados, postura encurvada, dedos em constante movimento e a mente online...tec... tec... É incrível o século XXI.
A extrema alienação dos dispositivos de conexão virou moda mundial. Nas ruas da movimentada Teresina o que não falta são humanoides com seus inseparáveis celulares de última geração ou de primeira, dependendo do seu bolso financeiro. O mundo pode tá se acabando, mas seu lado internauta permanece em modo contínuo. O bueiro mais a frente passa despercebido e logo a criatura cai dentro.
Você pode esquecer a lista de compra, mas jamais em sua sã consciência você esquece seu celular. O despertador tradicional perdeu o emprego para o alarme digital, o ursinho de pelúcia foi chutado pelo tablet na hora de dormir e a Netflix ganhou a partida contra o DVD. Seu amigo ali pertinho, faz de tudo para que você preste atenção nele, mas o "text neck" parece ser imbatível e o joga para escanteio.
No meu tempo não tinhas essas coisas (ok, não sou tão velha assim). Lembro-me como era prazeroso sentar na calçada para conversar animadamente com os vizinhos, a onda de assaltos não era tão recorrente como agora. Saudade do tempo em que não éramos tão dependentes da tecnologia. Não vou dizer que é ruim, pois ela é um recurso indispensável na vivência humana, principalmente em tempos de pandemia.
Mas é notório que o ser humano se tornou um "zumbi" da era digital. A rotina programada ciberneticamente pelas redes sociais. Os dois pontinhos azuis é motivo de alegria enorme, mas uma mensagem não respondida... é o fim...
Acorda cedo, o mau humor matinal, posta uma foto qualquer no Instagram. Dois minutos depois, começam a aparecer os likes. Parece que o dia iniciou bem. Não sei como será num futuro próximo, já que vivemos neste apocalipse tech. Mas, confesso, estou louca para descobrir!