MISTÉRIOS...
Deus protege as pessoas de bem.
Sempre?
*Mistérios além da humana compreensão!
Flor....chamava a todos assim; mas na verdade ela que era uma Bela Flor!
Bela, inteligente, perspicaz e de uma gargalhada pronta e cristalina em qualquer situação, ainda que embaraçosa. Todo esse carisma fazia dela uma líder nata. E, ela era com certeza, uma pessoa do bem!
Não me lembro o ano exatamente, mas era o décimo segundo dia do mês dos mortos... quase na hora do almoço chegou sms em seu celular...
””. (nunca fique nesse local após o sol se pôr completamente no ocaso)
- Do nada explode uma gargalhada na sala! Os colegas de trabalho sem nada entender, se viram para ela num misto de espanto, curiosidade e risos.
Então ela revela a todos a mensagem que recebera, sem se impressionar com a “brincadeira”.
O dia transcorreu normalmente, no fim do expediente ela despediu-se de todos, deu as orientações que precisava e, como via de regra as sextas-feiras seu trabalho era remoto, desejou a todos um bom final de semana e se foi sem mais lembrar do episódio da mensagem de texto.
*Mistérios...
alguém não pôde ir naquela sexta-feira 13....
Fizeram contato e ela, com sua chata mania de perfeição e esse termo ela própria incorporou como uma qualidade a mais, acabou indo para reforçar a equipe de trabalho ; apesar de ser um dia em que acordara com mal-estar e as costumeiras dores abdominais um pouco mais intensas.
Durante todo o expediente, trabalhou com afinco, comprometimento técnico e produtivo como era de seu perfil. Ao final do dia, quando todos já haviam ido embora, sentiu uma leve sensação de desmaio e uma sudorese fria...instintivamente, lembrou-se da frase que havia recebido, mas não encontrou forças para sair de sua estação de trabalho. Debruçou-se na mesa, apoiou a cabeça nas mãos como se fosse um travesseiro improvisado, na tentativa de recuperar-se.
Adormeceu por instantes que pareceram dias.
Ainda em estado de sonolência, percebeu que estava muito escuro na sala...teve a sensação de ter escutado o ranger de módulos...percebeu que a porta que dava para a sacada da rua, um tanto quanto deserta, estava aberta e tentou chegar até lá em busca de uma lufada de ar. Contudo, sentiu as pernas fraquejarem e incontinenti, foi ao solo. Inexplicavelmente! Pressentiu uma mão invisível protegendo, amparando sua cabeça e face e somente bateu a lateral do corpo esguio que parecia esvoaçar no belo vestido longo de cor preta.
De repente, entrou num pânico silente ao ouvir a porta de saída abrir-se... ouviu uma voz “tem alguém aí?” De início não reconhecera aquele timbre de voz e o pavor indizível a impediu de responder... a dor que sentia já um pouco mais leve parecia aumentar...pânico...medo....queria poder evaporar-se daquele lugar! Mas como que petrificada, não conseguia
sequer abrir os belos olhos que se escondiam por detrás dos óculos, que de forma misteriosa, não se quebrara na queda.
Ao ouvir novamente a pergunta, dessa vez o timbre da voz lhe pareceu familiar, conseguiu balbuciar um “sim” longe e lúgubre e completou “por favor me ajude...aqui no chão...”
Logo sentiu-se acolhida e reconheceu um amigo que trabalhava em outro andar do prédio e que às vezes ficava até mais tarde, fato que ocorrera naquela sexta-feira treze.
Ele acendeu todas as luzes para melhorar a visão do ambiente, que por sinal estava gelado pelo ar condicionado ainda ligado, além da porta lateral completamente aberta. Deu-lhe água e fechou a porta por onde passava uma lufada de vento gelado.
Após algum tempo, tentou entender o que se passara. Ela lhe disse que fora trabalhar naquele dia para substituir outra pessoa da equipe, mas que na verdade, desde cedo não se sentia bem. Recusou a proposta de irem à um hospital e só solicitou que ele chamasse um Uber. Ligou para sua casa e explicou que logo chegaria.
Deus protege as pessoas...
*Mistérios...
O fim de semana transcorreu normalmente e a moça flor se sentia revigorada.
Na semana seguinte, encontrou o amigo de trabalho no horário do almoço e, resolveu contar o fato ocorrido de maneira mais detalhada. Ela não conseguia tirar da cabeça a sensação de uma mão lhe amparando no momento da queda. Durante a conversa, ele a surpreendeu ao revelar que quando trabalhava naquele setor, às vezes quando precisa ficar até mais tarde, que também já ouvira sons estranhos por entre os módulos...e que aconteceu uma vez de subir na escada para organizar um problema de infiltração e de repente a escada falseou e com certeza ele bateria a cabeça na estrutura de ferro! Mas, estranhamente, ela se reposicionou em um aclive do piso e firmou-se. Ela então resolveu revelar a respeito da mensagem recebida...se olharam por alguns segundos de um jeito interrogador; mas ao final brincaram “seja o que for, nos protegeu e isso é o que importa”.
...Sempre?!
O tempo passou...o episódio foi esquecido ou melhor, não revelado a mais ninguém além deles.
Mas ambos, de alguma forma sentiam que algo além do físico habitava ali em meio à tantas memórias, lembranças e documentos que “narram” a história de vidas de pessoas que se doaram em prol de um efetivo atendimento aos munícipes, dentro de suas atribuições, outras nem tanto; pessoas que talvez tenham vivenciado situações de humilhação, conflito, intransigência...em seus ambientes de trabalho. Enfim, naquele lugar em que se guarda e ainda, trata documentos de centenas delas ou talvez milhares que já estão em outro plano espiritual....
Será que coisas aterrorizantes estariam por acontecer?
Deus nos proteja hoje e sempre!!!