O amor inato é um mito e, na obra intitulada "Um amor conquistado - o mito do amor materno", a francesa Elizabeth Badinter nos mostrou de forma clara que o amor materno não é dado, sendo mesmo conquistado. A ideia de a maternidade ser um sacerdócio nasceu precisamente com o liberalismo e, teve fins produtivistas, mas contou com o auxílio da medicina e da psicologia. A exaltação ao amor materno é mito construído pelo discurso filosófico a partir do século XVIII. Tanto que da Antiguidade até a Idade Média havia franca desvalorização da maternidade em face da enorme ênfase ao poder paternal, o qual possuía a autoridade sobre os filhos e a esposa.  A constituição da família, até o século XVIII, era pautada na ideia de contrato e a mulher equiparava-se aos filhos, ambos submissos à figura do pai. E, os laços de afetividade eram desnecessários para a manutenção da família. Com a ascensão da burguesia, há um deslocamente da autoridade paterna ao amor materno devido ao fato de a nova ordem econômica impor como imperativo, entre outros, a sobrevivência das crianças. Portanto, somente após 1760 houve grande exaltação ao amor materno visto como valor natural e social, favorável tanto a espécie como a sociedade, o qual incentivava a mulher a assumir os cuidados com a prole.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/07/2021
Reeditado em 20/07/2021
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