A luz que se apagou...

Era tardinha e a minha pele desnuda sentia a despedida do dia. Estava absorta em meus pensamentos ao mesmo tempo que observava as primeiras luzes dos astros longínquos.
A noite era um manto anil e o som do radinho que vinha do andar de baixo, convidava a vizinhança mais próxima, à reflexão e quiçá, à gratidão.
Pensei nos meus antepassados, nos meus entes queridos que já haviam partido, um misto de saudade e angústia se instalou no meu peito. Quantas vidas deixaram de pulsar, quantas histórias ficaram sem seus epílogos tão prováveis... E a vida insistente, teimava em seguir sem os personagens coadjuvantes das histórias que ainda contamos todos os dias.
Senti que meus dilemas e conflitos ficaram bem reduzidos, pareciam sem qualquer importância. Talvez deixarão de ser verdadeiros problemas em algum instante do futuro próximo. Tudo parecia efêmero... Como o dia e a noite.
Meus olhos úmidos se desviaram para a luz fraca do poste que tremeluzia. Nesse instante, como se adivinhasse meus pensamentos, ela piscou pela última vez.
Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 19/07/2021
Reeditado em 20/07/2021
Código do texto: T7302986
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