MORADOR DE RUA

O Carmelo era um desses. Deixou seus familiares em Januária, norte de

Minas e caiu na estrada da vida. Passava anos sem dar as caras mas, de

repente aparecia aqui em Belo Horizonte, cabeludo, barbado e trajando

molambos.

Ficava alguns dias na casa de parentes e, de repente, caía na mundo ou-

tra vez, arrastando um enorme saco onde levava as suas tralhas. Certa fei-

ta ele foi apanhado por uma guarnição do Corpo de Bombeiros que o levou

para o quartel da corporação, nos altos da Avenida Afonso Pena.

Tiraram seus trapos, encostaram-no num paredão e, com duchas pos-

santes, deram-lhe um banho daqueles, quase matando o pobre homem.

Fizeram-lhe o cabelo, a barba enorme e depois o soltaram. Ele voltou

para a casa dos parentes e, dias depois, caiu no mundo de novo a fim de

prosseguir na sua peregrinação.

-o-o-o-o-o-o-

B.Hte., 19/07/21

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 19/07/2021
Reeditado em 19/07/2021
Código do texto: T7302777
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