LIBERDADE SEMPRE!

MEMÓRIAS DA CASA VELHA III

Nelson Marzullo Tangerini

Em meio a tantos cadernos de anotações antigos, guardados na casa velha, com anotações da adolescência, encontro uma frase de Mick Jagger, dos Rolling Stones: “O rock é a forma mais santa que a juventude encontrou para desobedecer ao estabelecido”.

São os jovens, cheios de ideais, que irão mudar mundo, embora esbarre aqui ou ali com jovens empedernidos de autoritarismo, crentes de que a humanidade precise de governos fortes para ser domada. Um ledo engano.

Como aquele ditado antigo – e antiquado – que diz que “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Mudemos o desgastado pensamento, que nada trouxe de bom para a humanidade, e digamos: “Se queres a paz, prepara-te para a paz”.

Deparo-me com outra frase que se casa com a frase do Stone: Foi Denis Diderot, escritor francês, quem a escreveu: “Nenhum homem recebeu da natureza o direito de mandar nos outros”.

Folheio o velho caderno e encontro mais uma frase, libertária, de Joseph-Pierre Proudhon: “Aquele que quiser pôr as mãos em mim para me governar, eu o considero um tirando, e, portanto, meu inimigo.

Caminho lento em direção aos 70 anos, e esta chama libertária, acesa dentro do meu ser, continua viva. Tenho orgulho apenas de ser um amante da liberdade, e, portanto, um antifascista incorrigível e declarado.

Tanto é assim, que um soneto do português Bocage, sobre a Liberdade, repousa perto de mim, transcrito num caderno de anotações. São versos a serem lidos em momentos sombrios como este, que estamos vivendo no Brasil.

Convido-os a ler o referido soneto em voz alta, para que ele caia sublime em nossas almas e corações:

“Liberdade querida e suspirada,

Que o Despotismo acérrimo condena;

Liberdade, a meus olhos mais serena,

Que o sereno clarão da madrugada!

Atende à minha voz, que geme e brada

Por ver-te, por gozar-te a face amena;

Liberdade gentil, desterra a pena

Em que esta alma infeliz jaz sepultada;

Vem, oh deusa imortal, vem, maravilha,

Vem, oh consolação da humanidade,

Cujo semblante mais que os astros brilha;

Vem, solta-me o grilhão da adversidade;

Dos céus descende, pois dos céus és filha,

Mãe dos prazeres, doce liberdade”.

Envelhecer e me tornar ranzinza e reacionário era o que eu mais temia. Envelheço, sim, mas sempre alimento a chama da juventude rebelde e revolucionária que deseja a liberdade.

É da poeta Valéria Braga Lins, amiga de faculdade – nunca mais a vi -, a seguinte frase, também anotada no velho caderno: “A liberdade é mais alegre, mais arejada”.

Com certeza, o fascismo é mal humorado, sombrio, arrogante, violento, assassino. A história confirma o que lhes digo. E é por isto que o estudo de História está na mira dos fascistas de plantão, porque ela nos mostra os erros do passado e a possibilidade de, daqui para adiante, “nos mostrarmos verdadeiramente humanos”, roubando, aqui, essas palavras do físico Albert Einstein.

Em inglês, francês, português ou alemão, a liberdade é desejada por aqueles que ainda creem que “Um novo mundo é possível”. O mundo já sonhado por Henry David Thoreu, autor do livro Desobediência Civil.

Junta-te a mim! Junta-te a nós, libertários! Revolta-te! Faz o que Bob Marley nos sugeriu através de sua música: “Levanta-te e luta pelos teus direitos!” Precisamos varrer do Planeta todas as formas de autoritarismo.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 19/07/2021
Código do texto: T7302432
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