Novo Nascimento: o que é isso?
Eu nem me dei conta, mas a madrugada já ia bastante adiantada. A própria lua, já esmaecida no seu brilho anunciava os primeiros raios de sol que, figuradamente iluminariam ainda mais as revelações da madrugada, ao meu coração.
Confesso que não esperava ser confrontado em minhas convicções fundamentadas no meu conhecimento e formação acadêmica ao longo dos anos de estudos. Senti-me confrontado quando o Rabi me perguntou: "Nicodemos, tu és mestre em Israel, e não compreendes essas verdades?"
Ele se referia ao que vínhamos conversando noite adentro e que dizia respeito à necessidade de se compreender a diferença entre o nascimento natural e o nascimento espiritual.
Eu nunca havia parado para pensar na questão apresentada por aquele galileu, identificada por novo nascimento. Por esta razão, movido mais pela curiosidade que escondia até uma pequena ironia de minha parte, questionei o Mestre afirmando ser impossível a alguém já nascido, retornar ao útero materno para nascer segunda vez.
A partir daí a nossa conversa assumiu ares de um colóquio acadêmico em que Jesus foi instrumento para me ensinar verdades tidas como espirituais. É claro que o academicismo jamais se renderá às realidades espirituais, visto que o fundamento da Academia é a comprovação científica para as suas teorias sobre a realidade, qualquer que seja ela.
Foi aí que Jesus afirmou: "Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" Aquilo me chamou a atenção, pois Jesus estava me dizendo que o preconceito em relação a Ele mesmo era a razão de as pessoas não crerem e nem aceitarem os seus ensinamentos.
Em geral, as pessoas estavam preparadas para receber os benefícios atribuídos a Ele na demonstração do seu poder de subordinar à sua autoridade os espíritos que atormentavam pessoas, ou curar dezenas de pessoas das suas enfermidades físicas e até mesmo de desafiar os fenômenos naturais submetendo-os à sua ordem; no entanto, quando confrontadas com a própria consciência já não se mostravam tão interessadas ou preparadas para mudanças de comportamento ou mesmo de correção de rota na sua vida pessoal.
Naquela noite, e foi necessária uma noite inteira para isso, compreendi e decidi que, na minha experiência pessoal eu jamais colocaria a ideia pré-concebida à frente da razão confirmada pela evidência, assim como jamais teria qualquer preconceito com o Ensino ou com o Conhecimento em detrimento do Mestre ou da Fonte de conhecimento.
Abracei-o respeitosamente e a tudo quanto me foi ensinado e levantei-me para retornar à casa. Os primeiros raios de sol já surgiam no horizonte, porém, o mais importante era que o meu coração havia sido iluminado pelo conhecimento do grande amor de Deus, o Criador.
Abracei também a fé nEle reconhecendo-O como Salvador e Mestre, o Messias Prometido desde tempos imemoriais a partir das promessas feitas ao nosso Pai Abraão, passando por Moisés e por todos os profetas que viveram antes de nós.
O dia já amanhecera! Depois de passar em minha casa dirigi-me ao Sinédrio para me reunir com os meus pares. O local era o mesmo; os líderes religiosos com os quais eu discutia todos os dias acerca da Esperança para Israel também eram os mesmos, mas eu não era mais a mesma pessoa. O preconceito cultural e religioso que me caracterizara como judeu pertencente à seita dos fariseus havia ficado para trás, exatamente como ficara no passado aquela noite inesquecível.
Dias, semanas e meses se passaram até aquele dia fatídico em que Jesus foi entregue aos soldados romanos para ser crucificado. Tentei alertar os meus pares no Sinédrio sobre a necessidade de ouvir o Mestre antes de prejulgá-Lo. Sabe o que me disseram?
"Responderam eles: Dar-se-á o caso de que também tu és da Galileia? Examina e verás que da Galileia não se levanta profeta."
Mais uma vez o preconceito se opôs à razão e, por causa disso foi o Mestre crucificado entre dois malfeitores. Naquele mesmo dia, José de Arimateia e eu fomos até Pilatos, recebemos o corpo de Jesus e demos a Ele uma sepultura digna. Três dias depois disso, não me surpreendi com a informação de que Ele ressuscitara e que havia aparecido de forma surpreendente aos seus discípulos mais próximos.
Afinal, fora Ele quem dissera: "Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto." Então, era isso o Novo Nascimento, ou seja, morrer para si mesmo que significa a morte do preconceito, da ideologia, do racionalismo pura e simples como forma de negar as realidades espirituais, e renascer interiormente para uma experiência de fé em Jesus que produz frutos para a Eternidade.
Sim, para a Eternidade porque somos seres espirituais aprisionados temporariamente em um corpo físico que se corrompe, que perece, envelhece e que finalmente retornará ao pó de que é formado.
Naquela noite memorável Ele me encontrou dentro de mim mesmo. Ele me libertou do preconceito, da ideologia, do racionalismo e me deu uma nova vida que eu compartilho agora com você.
O que você acha de conhecer mais a respeito de Jesus e da vida eterna?
O que você acha de viver a experiência do novo nascimento, nos termos apresentados por Jesus de Nazaré?
Deus te abençoe!
Pr. Oniel Prado
Inverno de 2021
18/07/2021
Brasília - DF