MATERIALIDADE. APARÊNCIA. FÉ. INTERIOR.

O dinheiro é tudo. Surge o axioma em qualquer espaço dominante. Com várias roupagens. Tolas ou demeritórias buscando mérito. Avalanche dos tempos desde o primevo.

Parece que funciona assim no mundo, baliza na frente de qualquer outro valor de dimensionamento humano exterior ou interior nas lindes humanas.

É mais ou menos assim ou existe também uma fé inteira que se acredita bastante? Extremos díspares e aparentes religiosidades. Não há “religare” em princípio, que surja espontâneo e galvanizado.Récitas monossilábicas sem calor. Conforto espiritual enganoso.

Chegou-se ao ponto de termos avassalando massas, um novo “bezerro de ouro”, um deus que forma poder em países subdesenvolvidos em educação, congregando multidões em números incalculáveis, consolidadas, que creem na teoria da prosperidade impulsionada por estelionato e curandeirismo, tipos penais.

E chega-se na visão estadista: "É falta de educação calar um idiota e crueldade deixá-lo prosseguir". Benjamin Franklin.

Cada um vive em seu caldo cultural. Imerso no que seu logos pode se apossar. Mas não ficamos só na ceguidade da crença movida por pecúnia ou desconhecimento de si mesmo. Ninguém fará um adorador pagão, mesmo que se pense convertido a um Deus sacralizado, de qualquer crença regular na ambiência da religiosidade universal, mesmo somente spinoziana, o que não permite contestação, mas calar sua idiotice impõe-se. Difícil.

Ele transita na advertência romana de seu grande poeta Lucrécio; “deuses e religiões surgiram por temor à morte”. E ninguém evita o inevitável, mesmo fincado na eternidade acreditada sem balizas, de onde viemos e para onde vamos.

Aceita-se a motivação por ser a criação frágil, assim formada pelo Criador, para acender as divisões de escolha, tão absorvida em fragilidade “pela rama” o motivo, por cérebros que não vão adiante nas palavras sagradas. Estacionam na afirmação de Franklin, não percebendo as setas sagradas lançadas para um futuro nunca decifrável, mas indutor. Deus não foi formal, não podia ser, era o Criador de tudo.

Para quem lê sem aprender, hermenêutica é equação diferencial, tanto quanto algoritmos. E mais importante, toda essa gama temática da literatura religiosa pode ser percebida sem pieguices. Mas não acontece. Não está em liturgias, mas no colóquio pessoal que afasta muros de certa forma intransponíveis. Estes “acreditados” e outros de mesmo galardão, ensaiados nas formulações teóricas, caminham “pela rama”, sem maiores comprometimentos. Gozam de um conforto espiritual que satisfaz sem preencher.

Não se chega ao fruto se não se foi raiz.

Serão sempre apóstatas, pois só têm um Deus, disfarçado para si em satisfação que preenche seus simulacros. É a apostasia sem lacres.

Nenhuma tentativa afastará essa direção. Tudo, todas as externações desses seres voltados e movidos pela materialidade, distantes de suas crenças quando perto pensam estarem, nenhuma compreensão maior obterão. O famoso bezerro de ouro está presente. Apócrifos de valores verdadeiros de difícil encontro. A grande porta do conhecimento interior, é como ser surpreendido pelo Santo Graal. Longinquo, vizinho de seres “desencantados” que se acham encantados, vivendo como no conto Zen, revelando aquele discípulo acolhido na montanha na cabana do mestre.

Alimentado dormiu e quando ia embora disse o mestre: quero lhe dar um presente e apontando seu dedo para uma pequena pedra a transformou em ouro.

Recebendo o presente o discípulo disse: quero aquela maior, no que foi prontamente atendido. Insatisfeito disse ao mestre: eu quero o seu dedo. São assim essas pessoas. Pensam estar em local do qual se acham em gigantesca distância. Ideal menor.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/07/2021
Reeditado em 15/07/2021
Código do texto: T7300045
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.