Sim, naqueles tempos...
Naqueles tempos dos nossos avós e bisavós, tudo era bem diferente dos dias de hoje, as casas eram antigas e velhas, algumas com telhas portuguesas, mas acolhedoras e aconchegantes. Os donos das casas, pintavam as paredes de branco, azul, verde, rosa e amarelo, sendo que a maioria delas nem tinham reboco, os tijolos ficavam aparecendo.
As portas e janelas estavam sempre abertas e na cozinha o fogão a lenha sempre com fogo alto. A água vendiam em uma pipa, alguns tinham cacimba no pátio da casa e outros tinham que ir até o rio mais próximo e carregavam água de balde até suas casas.
Naqueles tempos as casas tinham sacadas e varandas, não existiam grades contra ladrões e na frente, lindos jardins floridos com rosas, dálias e margaridas perfumadas
As casas tinham pátios enormes, que eram quase uma feira, muitas árvores como as amoreiras, laranjeiras, limoeiros, ameixeiras, abacateiros, bergamoteiras e lá no fundo do lado da cerca de arame farpado, aquela horta colorida, canteiros bem cuidados pelas mães e avós onde plantavam de tudo, colhiam cenoura, tomate, couve, alface, tempero verde e tudo era aproveitado na cozinha. Saladas em abundância todos os dias e de tarde faziam doce de abóbora, laranja e pêra.
Tempos difíceis, mas muito valorizados por todos, ao redor das casas tinham cachorros, gatos, galinhas e galo cantando. As mulheres faziam tricô, crochê, faziam suas roupas e à tardinha comiam rosquinhas, bolinhos de chuva e pão caseiro quentinho.
Naqueles tempos, sim, a igreja era cheia de gente, beatas rezando e os batizados eram acontecimentos nas cidades.
Os donos de terras eram chamados de coronéis, lutavam e peleavam à pata de cavalo. Lutavam com garruchas, lanças e armas brancas para conquistarem suas terras.
Naqueles tempos as mulheres faziam suas próprias velas para iluminar as noites escuras e confeccionavam sabão para lavarem as roupas, a noite chegava cedo e as pessoas se recolhiam para suas camas.
Tempos difíceis, naqueles tempos! Depois a cidade chegou pra ficar e com ela praças, prefeitura, ruas, coretos, igrejas, carros...
Nós somos os netos e bisnetos desses homens, dessas mulheres guerreiras de antigamente. Gente forte que enfrentaram tempos horríveis e difíceis em comparação com os dias de hoje que temos tudo.
Por isso, temos saudades daquelas velhas casas, dos doces das nossas avós, memórias antigas e retratos pendurados nas paredes.
Naqueles tempos, sim!