São, São Paulo
Meu choque foi te ver de cima.
A primeira impressão era de uma cidade planejada com jardins e praças redondas e com umas casinhas ao redor.
Me apaixonei pelas tuas selvas de concreto e aço desde a primeira vez que te vi. Tuas ruas mais pareciam artérias, e teus carros e ônibus indo de encontro a seu destino, levam homens e mulheres que fazem o coração dessa cidade pulsar.
Nas placas, bairros conhecidos dos jogos de tabuleiro e dos rap's dos anos 90: Brooklyn, Jardim Ângela, Vila Madalena, Paraisópolis.
De cima, tudo é mais bonito. Vai ver por isso Deus não se intromete muito por aqui.
E aqui, "a grana destrói e constrói coisas belas", como diz a música.
A primeira vista, também vi teus contrastes. Pessoas nos sinais, mendigos de toda sorte, prostitutas mirins e usuários de drogas. Todos mexidos no caldeirão da desigualdade e vomitados na Estação da Luz.
E aqui, vemos que os verdadeiros heróis, não usam capa e sim cobertores cinzas que pinicam.
Os usam como capas sim, mas só quando andam; e comem todo tipo de coisa que podem encontrar. Suas máscaras, são o reflexo indiferença.
És a princesa mais linda do baile durante o dia: com teu cabelo arrumado, um vestido lindo com direito a cauda e toda pompa e circunstância.
És a noite, a puta no final de festa - e isso não me cabe descrever.
Tua beleza começa desde tuas praias, e termina debaixo dos teus viadutos e marquises.
Mas de alguma forma, é bom estar tão longe de casa e mesmo assim se sentir nela.
É sobre ser, e se fazer lar de si.