Manezinho e Vilma, ultrapassando limites.
Não é simples falar de pessoas que conhecemos, ainda que em um passado distante e, mais que isso, a quem admiramos tanto; mas vou tentar. Vou falar de um amor além do tempo!
Foi lá pelos idos de 1963 e eu era só um projetinho curioso em crescimento, mas com um olhar que esse eu nunca perdi, ou seja, o olhar de quem procura ver além de si mesmo e às vezes vê por outras se engana, mas busca o que nem sempre está ali, tão visível.
Manezinho amava Vilma que amava Manezinho (e tinham cachorros, uma cachorrada linda; Teca então era a cadela mais linda que tinham) – um dia (pronto, lá vem) Vilma adoeceu e foi embora que as pessoas, por mais amadas que o sejam, se vão e não há como reter, alterar o ciclo da vida - essa torrente que muda tudo e deixa um rastro de saudade e incompreensão posto que sempre e sempre a quem por aqui fica parecerá tão cedo, tão fora de propósito, tão absurdo até, mas não! A Vida segue em frente, percalços à parte, sentimentos dilacerados à parte é a Vida, enfim!
O tempo passou, mas não apagou aquele amor – nas noites de lua cheia, ou pelo menos que a claridade do luar o permitisse, já que lanternas e similares seriam “fatores denunciantes” e então proibidos - Manezinho, que antes deste tempo não bebia, se embriagava e no torvelinho da alambicada, sentidos alterados pelo álcool e pela dor, pulava o muro do Campo Santo e candidamente adormecia sobre o túmulo da sua amada. Era uma paixão assim!
Com o tempo nada mudou, os que creem dirão que o amor venceu e ele a ela foi se juntar em algum lugar onde não há dor ou solidão; os descrentes dirão que tudo simplesmente acabou e nunca mais. Não sei, sei que era um amor bonito, algo tocante pra não esquecer.
Bom, chego ao final sem querer estender a história além do que sei, do que é necessário, e me arriscar perder o sentido original que ele Manezinho deu, um sentimento inexplicável que moldou seus dias sobre a terra.
Só não posso deixar de registrar que lembrei isso tudo, esse passado, ao ver, pela manhã, um Fakie ollie by Chaparral. Estranha mente!