O Remédio

Que eu vi gente que se dizia ateu, em meio a pandemia do coronavirus "orar" ou "rezar" pedindo aos céus um livramento ah, isso eu vi! E quando foi curado, ainda disse "graças a Deus".

Eu não tenho religião, apenas creio, baseado em minhas próprias vivências. primeiramente. O mundo invisível se manifesta para cada pessoa de uma maneira diferente.

Hoje, não consigo negar o extraordinário, pois tive minhas próprias experiências.

Você pode não acreditar num deus, em reencarnação, em umbral, em céu e inferno, achando que nascemos e tudo acaba aqui ao morrermos e virarmos pó e ponto final. É um direito seu pensar assim, pois nada pode ser provado, porém, nada também pode ser negado, mas tudo depende de fé. E onde essa fé se manifesta? Na confiança e na certeza ou firmeza de ideia.

Nada acaba por aqui. Deixamos pegadas e o legado pode ser bom ou mal.

Imagine que você deixe de existir fisicamente, pois pode acontecer com qualquer um, assim diz o velho e sábio ditado: "Pra morrer, basta estar vivo".

Resumindo: você pode não ser fisicamente eterno, mas a energia de suas ideias e sua história. permanecerão, mesmo contra a sua vontade. Estarão na boca dos seus familiares, amigos, nas redes sociais quando forem vasculhar os seus posts, pensamentos que deixou...

Recentemente aconteceu o terrível e lamentável episódio do Lázaro. Quem foi Lázaro? Até eu já estava me esquecendo também. O assassino, maníaco que aterrorizava uma cidade inteira e acabou morto pela polícia depois de vinte dias de fuga.

Seus pais não quiseram ir ao seu enterro. Imagine que coisa triste esse legado! Solitário, mesmo depois de quase um mês sendo o centro das atenções em todo Brasil. Mas Lázaro colheu o que plantou:Tristeza e solidão. Hoje ninguém nem fala mais nesse homem, alguns já até se esqueceram de sua fisionomia e também não querem lembrar.

Existe algo forte que luta por nós, que não quer nos perder e nos obriga a confiar. Você não precisa concordar comigo, mas essa chama quer que deixemos o melhor de nós, não importa o tempo que passar, a vontade de correr atrás de nossos sonhos, de consertar as coisas, de ajudar, vontade que as coisas mudem... quem ainda consegue ser ateu, não crendo nessas coisas? A fé é o combustível da nossa vida e é o que alimenta a nossa alma.

O que faz uma máquina andar com desenvoltura não é o óleo? Se eu não crer no óleo a máquina enferruja, não anda, e vai para o ferro velho.

Existe uma reflexão muito linda que aprendi há muitos anos atrás e a qual nunca esqueci. Como faz tempo, vou tentar resumir e adaptá-la com minhas próprias palavras:

Um velho farmacêutico, ateu de uma pequena e pacata cidade de interior estava para encerrar mais um dia de poucas vendas em sua antiga farmácia.

Ele praguejava dizendo que a maioria das pessoas pararam de comprar remédios porque ficavam recorrendo a rezas e orações na igreja.

"Povo idiota! Acham que o deus deles é um super-herói.

Vou acabar fechando de vez esse lugar e sumindo dessa cidade sem futuro! -e fechou com violência a porta enferrujada.

Passado alguns minutos, escutou uma leve batidinha na porta enquanto ainda contava as poucas moedas do dia.

_Mas quem será a essas horas? Não vê que já fechei a porta? E fingiu não ouvir, mas a batidinha tímida continuou.

O velho senhor irritado e a contragosto resolveu abrir a porta e se deparou com uma menina de uns sete anos de idade, com cabelos loiros encaracolados e grandes olhos azuis, as bochechas muito vermelhas por talvez ter corrido muito até chegar lá.

_Por favor senhor, me ajude! Minha avó precisa urgente tomar o remédio ou ela pode morrer. - disse desesperada e apresentando a receita.

Ele pegou a receita. Não havia aquele remédio pronto na farmácia e, ele então resolveu ir aos fundos da farmácia onde havia alguns vidros com uns líquidos que costumava manipular. Enquanto ele preparava o remédio sob os olhos curiosos da linda menininha, um vento inesperado entrou ferozmente pela janela e derrubou alguns frascos na mesa, e ele os recolocou no lugar mas, não percebeu que havia sem querer trocado os frascos dos remédios e, entregou a menina um perigoso vidro de veneno.

A menina pegou o pequeno frasco, agradeceu e saiu correndo para a casa.

Quando o homem virou as costas, de súbito entendeu o que havia acontecido. A troca dos frascos! Desesperado, correu a rua até virar a primeira esquina atrás da garotinha e nada. Era como se ela tivesse evaporado.

_Não! Ela não pode dar aquele remédio a avó dela! Aquilo é um veneno!

Ele começou a chorar, passar a mão em sua cabeça e andar desesperado de um lado para o outro da farmácia. Então, tomou uma decisão: Foi para os fundos da farmácia, ajoelhou-se levando as mãos aos céus e suplicando:

"Deus, se tu existe mesmo, ajude-me! Não permita que aquela menina dê aquele líquido a avó dela! Por favor, ajude-me!" - soluçava tamanho seu desespero.

Foi aí que ouviu umas batidinhas na porta de ferro novamente, mas que lhe pareciam familiar.

_Tarde demais! É ela! Veio me dizer que avó morreu!

Ele correu para abrir a porta, ainda com os olhos encharcados e as mãos trêmulas. Era a menina novamente:

_Não me diga, minha filha que deste aquele líquido a sua avó... não me...

_Senhor - a menina o interrompeu. Pode me perdoar? Eu acho que corri demais ao sair daqui e o frasco de remédio caiu no chão e quebrou todo, quando chegava no portão de casa.

O velho arregalou os olhos para o pequeno "anjo loiro" a sua frente e abraçou-a, enquanto a menina, na sua inocência não entendia nada.

_Venha, meu bem, vou lhe dar outro frasco.

No dia seguinte a menina voltou a farmácia logo cedo contar ao farmacêutico que a avó já estava bem.

Desde então, aquele senhor mal humorado, que vivia destilando ódio aqueles que possuíam sua fé, tornou-se um homem amável e um cristão fervoroso.

Andreia Caires
Enviado por Andreia Caires em 11/07/2021
Reeditado em 24/10/2021
Código do texto: T7297461
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