QUEM COM PORCOS SE JUNTA...

O que, de fato, incomoda alguns integrantes de nossas Forças Armadas: o desmascaramento do Governo ou das próprias Forças?

Claudio Chaves

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NÃO ERA pra ser assim, mas está sendo – aliás, a começar pelo golpe que derrubou o imperador Pedro II (1889), qual foi o momento em que as Forças Armadas Brasileiras, entendendo está sob ameaça algum de seus privilégios, não ignoraram todos os juramentos feitos, incluindo, obviamente, o de se manter fora da Política, e impuseram o que se tornou uma de suas principais referências históricas: usurpação de funções políticas, censuras, intimidações, prisões, torturas e assassinatos daqueles os quais jurou defender, os cidadãos de seu País? E, o pior: no momento mais vergonhoso – pelo menos até antes da aliança com o atual Governo – da história de nossas Forças, nem se tratava exatamente de retirada de privilégios. O que levou os militares a brutal e covarde interrupção da democracia no Brasil por duas décadas seguidas (1964-1984) foram questões puramente ideológicas e de subserviência aos Estados Unidos da América, exatamente como acontece agora.

PRA LEVAR, TEM QUE PAGAR

MINHA MÃE, grande “pedagoga” e “filósofa” sempre nos ensinou: “O bom pagador, pelo que compra, sabe o que deve”. Com essa filosofia, pretendia nos ensinar: 1) devemos ter consciência de que todo bônus exige ônus, e 2) devemos assumir as responsabilidades de nossas decisões e atos voluntariamente, por mais onerosos que os sejam.

A QUEM o atual Comandante da FAB, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior – que se comporta mais como um jagunço de quem o nomeou para a função do que como um cumpridor da Lei –, pretende intimidar ou impressionar com suas declarações golpistas e rasteiras, recheadas de frases dúbias e ufanista (como é praxe do grupo que ele, como cabo eleitoral, representa)?

APENAS a título de comparação, vejamos as palavras de um comandante da FAB que, de fato, sabe qual é e preza pelo seu papel institucional: “Prezados integrantes da Força Aérea, acreditem na relevância de nossa missão que, balizada pelos inarredáveis preceitos constitucionais, coopera para a soberania daquilo que nos cabe: o espaço aéreo” (Antonio Carlos Bermudez, Comandante da FAB exonerado pelo atual Presidente em março/2021 por se recusar a se comportar como lacaio do ex-capitão).

OBSERVE-SE a ênfase dada pelo tenente-brigadeiro do ar, Bermudez, sobre “a soberania daquilo que nos cabe: O ESPAÇO AÉREO” [caixa alta nossa].

NÃO RESTA dúvida, no entanto, que, para o atual Comandante da Aeronáutica Brasileira, o espaço que o interessa é outro: o do poder político – desejo este que não é crime. Deveria, porém, como um leal soldado e consciencioso cidadão, honrar a farda que usa e a Constituição que jurou cumprir, abdicando de suas funções militares e, como civil, trocar o quartel pelo palanque político para, em tal condição, defender suas convicções ideológicas e apoiar partidariamente o político de sua estimação, como constitucionalmente está assegurado a todos da sociedade civil que assim o desejam.

AS NOTAS que eu, enquanto cidadão brasileiro, desde que nasci (há 50 anos), espero de nossas Forças Armadas são 1) de reconhecimento público dos inumeráveis crimes cometidos e escondidos por muitos de seus integrantes ao longo de décadas e 2) de desculpas oficiais por se encontrar, sim sua “banda podre” – que sempre existe em toda instituição humana – acumpliciada com um governo e um governante desmoralizado, despudorado estúpido, vulgar, corrupto, antidemocrático, golpista, entreguista, nepotista, negacionista, covarde, amigo e protetor de milicianos. Essa é a nota que Sua Excelência Ministro Braga Netto e os atuais Comandantes de nossas Forças Armadas deveriam está empenhados em publicar caso não tivessem ardorosa e pública cumplicidade com tal Governante.

AFINAL, o que, de fato, incomoda alguns integrantes de nossas Forças Armadas: o desmascaramento do Governo protonazi-fascista ou das próprias Forças? Aliás, a essas alturas, haveria como distinguir uma coisa da outra? Ou será que o Sr. Baptista nunca ouviu a máxima popular de que “quem se junta com porcos, farelo come”?