BELO HORIZONTE/ RIO ESPERA; RIO ESPERA / SANTANA DOS MONTES
Sempre que me aparece uma oportunidade, tenho a maior alegria em fazer um passeio à minha terra natal − a saudosa Rio Espera − município acolhedor, localizado na Zona da Mata Mineira. Dessa vez com o intuito de descansar, não sei de quê, acho que da cidade grande, durante dois dias, no Hotel Fazenda Fonte Limpa, em Santana dos Montes/MG. Meu filho Luigi presenteou a mim e esposa, pagando a nossa hospedagem, num gesto de gentileza e carinho.
Paramos em Conselheiro Lafaiete para saborear um delicioso lanche oferecido por meu primo, Carlindo, que, gentilmente, em sua casa, nos ofereceu. Claro que conversamos e falamos um pouco sobre o passado de nossas vidas.
Em companhia de meu filho mais velho, Luigi e sua namorada, Ana Paula, juntamente com minha esposa, Maria de Fátima, bem como de meu filho Marcelo e esposa Alessandra, com meu netinho, Bento Alexandre, no último dia 3 de julho deste ano, partimos em direção à cidade em que residi até os quatro anos de idade. Durante o trajeto, distinguindo o trecho Conselheiro Lafaiete/Rio Espera, meus olhos não se cansavam de apreciar as fazendas e as belíssimas paisagens que se situam às margens da estrada.
Diante de tudo isso, meu coração batia mais forte, como se fosse a primeira vez que estivesse passando naquele lugar. Já percorri várias vezes o trajeto, mas, mesmo assim, não me canso. Durante o tempo todo vem a minha mente a figura de meus pais que, na década de cinquenta, deixaram tudo e buscaram um novo rumo: morar na capital de Minas Gerais, no propósito de encontrar melhores condições de vida para a numerosa família que constituíram.
Chegando a Rio Espera, após cortar as cidades de Itaverava e Lamim, dentre outros lugarejos, meu coração se comoveu. Mais uma vez... Houve uma mistura de alegria e de saudade intensa de meus queridos pais. De novo olhei para o céu e imaginei: muitas vezes, eles olharam para este mesmo céu. Em certas ocasiões poderiam estar alegres, noutras, quem sabe, angustiados... As nuvens não eram as mesmas, pois elas se renovam a cada instante, imaginei.
Não é possível visitar Rio Espera sem adentrar a Basílica de Nossa Senhora da Piedade, onde se encontra uma das famosas obras do mestre Aleijadinho − a imagem de Nossa Senhora da Piedade. Afinal, está registrado que ele residiu em minha cidade durante um período de sua vida. A maravilhosa igreja me traz uma paz espiritual muito grande. Não só pela sua beleza e imponência como também pelo fato de ela ter sido construída com a ajuda e sacrifício de tantas pessoas, incluindo meus pais, avós, bisavós, tios etc. etc. Tive o privilégio de, na manhã do dia quatro de julho, assistir à missa dominical a fim de recarregar as minhas energias, apoiando-me na fé que tenho para com meu Jesus Cristo, denominado pelos habitantes da terra como sendo o Bom Jesus da Paciência.
Na noite do dia três de julho, no sábado, não pude deixar de fazer uma visita a um primo querido, o João, que mora no distrito de Rio Melo, Ponte Alta, a 12 quilômetros do centro de Rio Espera. Conversamos e relembramos momentos felizes. Sempre ele faz referências elogiosas a meus pais por quem ele tinha um especial afeto.
No domingo, dia 04 de julho, à tarde, deixamos Rio Espera e rumamos para Santana dos Montes, cidade distante a uns trinta quilômetros. Fizemos uma parada na Cervejaria Loba e degustamos prazerosamente o líquido precioso fabricado naquele lugar. Realmente a cerveja artesanal é de ótima qualidade. Pudemos constatar. E ela é sem glúten, sendo o malte de trigo sarraceno. O lúpulo, também matéria-prima da cerveja, é produzido na cidade de Santana dos Montes.
Já era quase à noitinha, quando chegamos ao Hotel Fazenda Fonte Limpa. Debaixo de uma temperatura em torno de 8 graus célsius, fomos muito bem recebidos e nos acomodamos em aposentos, caracterizados conforme as construções de quase trezentos anos atrás. Aliás, o imóvel tem data de 1742. Já pensou?
No outro dia, após tomar um farto café, à beira de um quentinho fogão de lenha, fizemos um passeio de charrete em companhia do comandante do veículo, o Nequinho, com quem aproveitamos para ouvir e contar algumas anedotas. Foi deveras divertido. Meu netinho, o Bento, com quatro anos de idade, não se cansava de brincar e observar todo aquele ambiente muito novo para ele. Com uma alegria inimaginável. Sem contar amizades construídas com outros garotos que também lá se encontravam.
Na terça-feira, à tardinha, de novo retornamos a Belo Horizonte, com as baterias recarregadas, prontos para, em um futuro talvez próximo, retornar àquele lugar onde reinam a paz e a alegria, sem contar que toda aquela distração fez com que minha mente elaborasse um grande e saudoso retrospecto ao passado.
LUIZ GONZAGA - 09 DE JULHO DE 2021