E QUASE QUE A CALÇA NÃO ENTRA!

Não é novidade para ninguém que teve gente que engordou horrores nessa quarentena. Li até um meme que o estoque de farinha acabou num mercado. Brasileiro gosta de pão e bolo. E circo, mas isso é pra uma outra hora. Eu sou do time "ok", engordei mas não ao ponto de mudar de fisionomia... Acho.

Assim, eu sempre, ênfase nesse sempre, tive problemas com a balança. Fui gorda por um bom período, emagreci pra caramba, engordei quase e tudo e hoje vivo no limbo com esse "quase" mas como estou mais velha e sei como me vestir e colocar uma boa maquiagem, até que ofusca esse pânico da paranóia do "engordei e todo mundo percebeu". Além disso tudo sou extremamente tímida e ansiosa. Mais ansiosa do que tímida; essa timidez só meu marido vê pois consigo dialogar, brincar e tudo, mas quando estou só... Aí o bicho muda. Eis o meu dia hoje.

No impacto da aceitação do "engordei e muito" fiz minha primeira compra numa loja plus size. Exagero? Não, afinal hoje muita coisa que era normal é plus size. Logo, chegou o vestido super-hiper-mega moderno que tanto sonhei e adivinha? Parecia um pijama. "Claro" - você pode estar pensando- "você comprou muito grande pra você". Mas não era isso não, na foto o vestido tinha um corte que ao vivo é inexistente. Aí vai eu solicitar a troca, ir até o Correios... Ir até os Correios. Tarefa solitária. Aqui começa o pânico.

Vou procurar uma calça para ir e será que ela ainda cabe? "Claro que cabe, não viaja" - digo pra mim mesma sabendo que estou mentindo. Coloco a calça. Coube. por. pouco. Aí começa o gatilho. Senhor, engordei e não pouco. "Ah mas você tá no primeiro dia da menstruação, relaxa, tu tá é inchada". Por mais que um lado meu tente me acalmar, não adianta. Estou no fundo do poço.

Vou aos Correios, com a calça colada em meu corpo pois é o que tem pro dia. Lá, falo pra moça que meu marido trabalhou nessa agência e que hoje seria ótimo pois moramos perto e... "Ah, o inho inho?" - a moça pergunta. Sim, meu marido tem o apelido no diminutivo e sempre foi assim e eu odeio quando me chamam no diminutivo pois sempre vem a piada: "inha não, ela é ona!". Sim, sou ona e sempre fui: grandona.

Saindo do Correios, vou desbravar a quadra da frente que tem uma senhora loja e papelaria. Nisso, encontro uma amiga da minha mãe que me conhece da barriga (da minha mãe) e mesmo eu estando com duas máscaras ela me reconhece. Ali meu mundo para. Como ela me reconheceu? Porqueeuestougorda.

Pronto, isso me desencadeou uma crise de ansiedade. Meus óculos começaram a embaçar, tudo que eu queria era voltar pra casa e sumir. Mas eu tinha que passar no Sacolão e é óbvio que derrubei dois pés de alface e me embananei toda na hora de pagar e quase não olho para atravessar a rua pois todos estão vendo o quão gorda estou. Nessas horas tudo dá errado e do pior modo possível. Valeu, Murphy.

Sento e cá estou mais uma vez escrevendo toda minha jornada.

Comprei frutas. Vou beber água. À noite tem treino. Bora lá.

Têia Agridoce
Enviado por Têia Agridoce em 08/07/2021
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