DEUS E SUA FORMA.

Como náufragos somos levados por mar revolto em busca da sobrevivência em corpo e alma. Lutamos arfando por oxigênio que traz vida, entre as ondas gigantes do egoísmo, da indiferença, da ausência de amor ensinada por Alguém que se entregou à morte para desenhar de quanto é capaz essa força que movimenta e dá fôlego a toda a natureza, o amor.

E persiste uma descrença nesse paradigma que muitos, uns sem entenderem bem, outros se aprofundando, mas todos intensamente asfixiados por uma grandeza impenetrável. É a mística, sagrada, fremindo, desenhando a estrada da vontade que não inibe a grande caminhada, feita pelo coração, pelo sangue dando curso ao rio da vida e da morte, abrindo caminhos de luz.

Está lá nessas caminhadas; Deus. Ninguém viu, ninguém conhece, ninguém tem acesso; ninguém. Ouve-se, discute-se, reza-se a fé, de forma intimista e nos templos. Ela nos “mostra” Deus, segmentos de religiosidade, herméticos. Livros sagrados foram escritos. Por Deus? Não, pelos homens, por eles grafados.

Nesses repertórios, livros de origem divina, assim inspirados, uma sinalização forte e clara, um Messias, o Filho de Deus será revelado; “Quem é Deus?”, falta concretude, forma.

Mas não temos “Quem é Deus?”, inacessível a entidade máxima do universo por Ele criado. Disforme, passado a informe o universo, “Gênesis”. Mas temos a carne viva e o corpo martirizado de Quem foi o Messias, negado somente pelo seu próprio povo, o judeu.

Ele foi visto em carne, corpo, FORMA. Muitos O conheceram.Viveu entre nós, os homens, foi homem como nós. Historiografia registra, como ciência que reporta e formaliza. Foi um homem secularizando exclusivamente o verbo, sua dicção, nada escreveu.

Isto já O faria notável, singular, apontando a divindade pela exclusão de qualquer outro ser vivo semelhante, embora muitos celebrizados por pensamentos e ideias, a Ele se curvassem. Nenhum se intitulou Filho de Deus, fenômeno que atravessa dois mil anos crescendo sempre sem oposição, desprezível a ocorrente, em números e conteúdo, ao revés, ganhando força cada vez maior.

O valor não é a verdade em si, mas o esforço por atingí-la. Milhares sofreram nessa espinhosa tarefa, não deixaram suas reflexões ao relento que congela o pensamento.

Deus não é a “ilha feliz” de Thomas Morus que nos chega pela passividade. Utopia, de “ou- não”, e “topus –lugar”, quer dizer em nenhuma parte. Deus não é utopia, sonho, mas realidade. Seu corpo está no Messias, foi e se fez visível para a criatura crer no seu Pai, foi forma.

“Messiah” ou “Meschiah”, em hebraico; “Cristhós” ou “Eleimmenos”, em grego, “Unctus”em latim ; Ungido.

Deus encerrou ideias espirituais de sabedoria eterna desconhecidas à multidão cega. Dessa e por essa forma tentaram alguns vestir a figura do Messias como esperança consoladora e sob essa crença apontar Ezequias como Messias, e não ser o messianismo da antiga aliança dogma, artigo fundamental. E chegaram ao ponto de estabelecer a contradição das contradições, contestando a qualidade de Messias de Cristo criando antíteses.

O Messias seria aquele que daria o banquete onde seria servido o famoso peixe Leviatã, e seria morto o touro de Beemot, que de tão grande comeria o feno de mil montanhas diariamente.

Depois de descrever essa chegada, afirmam que “reconhecer um homem-Deus é abusar de si próprio, é forjar um monstro, um centauro, o bizarro composto de duas naturezas que não podiam se aliar”.

E muitas e muitas outras desfigurações deformadoras do Cristo o que faz compreender a falta de paz no encontro da “Terra Prometida” como a história vai pontuando, configurando uma sanção.

Deus é seu Filho, e a Ele se chega desta forma, pela carne, pelo Deus feito homem como nós. A “multidão de cegos” não O vê e nem mesmo se pergunta o quê de extraordinário tem esse Ser, único, incontestado em soma incalculável em sua jornada acreditada por incontável parcela de humanos como Filho de Deus.

“Eu sou o caminho, a verdade, a vida”. Eu, Jesus Cristo, sou Deus. Eu estive aqui, entre vocês, os homens, me fiz carne, dei testemunho, sou Deus e fui forma.

"O que enriquece o corpo é o espírito". Shakespeare.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/07/2021
Reeditado em 08/07/2021
Código do texto: T7295239
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