O raio da música, queima!!!
Estes the voices mirins às vezes são meio enjoados, muitas crianças brilham, há vozes lindíssimas, mas outras dão certo enjôo. Num destes domingos a coisa ia deslanchando direitinho, espetáculo, daí vem a guria, acho que uns dez anos, com a voz daquelas caminhoneiras que têm pernas de jogador de futebol, morro de medo. Tem uma delas, uma loira atarracada, que eu não passaria nem perto, como berra aquela triste. Meu desgosto é saber de uma mãe que leva nove meses para gerar uma filha, para depois largar a inocente – de cabeça – no sertanejo e na sofrência (sofrência para quem ouve). A guria aprende a berrar desde cedo, canta com aquela voz terrível, gutural e sinistra, isto me deixa maluca. Sinceramente, é um quadro de dor sem moldura, me recuso a ouvir tamanha judiaria. Podemos ver claramente que os melhores cantores vêm de lares onde ouviam MPB, clássicos, pops, canções com letra, poesia e harmonia. A culpa não é da pobre criança esganiçada e injustiçada (não há corda vocal que aguente por muito tempo os “dó” de gavetão). A culpa cabe aos desalmados dos pais, por aplaudirem a esta música comercial, que muge – destrambelhada e sem noção – por este país. Cabe ressaltar que não escapa um cantão do continente, o raio da música vai do Oiapoque ao Chuí, é como água ou gato, se infiltra, se apodera. Só posso fazer este tipo de comentário aqui pelo RS, aqui pouco se ouve. Caso a minha crítica siga do Paraná para cima, periga me darem na cara. Pronto, já me estraguei, fui me lembrar das crianças que cantam “eu, minha mulher, meus cachorros” tipo isto, outra “você só fala eu te amo/ com bafo de bebida”, desgraceira pura, é o Armagedon, coisas diabólicas, que só detonam a música popular brasileira. Depois desta, vou ouvir o Tom e me abafar.