O estranho caminho chamado amor
Não sei falar de amor como falam os poetas nem escrever com tanto lirismo. Já amei demais e hoje tenho medo de perder. Perdi os que eu mais amava, partes de mim. O amor sempre me assusta. Por que não me falaram que amar dói, se eu soubesse, tinha ficado sozinha, em caso de perda, ia economizar no sofrimento. Nos casos de amor a dois, sei que aquele que é verdadeiro nunca morre, só paixão termina, é fugaz, efêmera e química. Casar por amor é querer ficar dentro do outro, habitar o outro e sentir o coração pulsar só num simples pensamento. Depois de tanto tempo ainda sinto isto, mas sempre com o fantasma do “despejo” me rondando, gostaria de ir antes... Um dia falei para uma amiga, uma jovem e brilhante escritora: “não ama, porque tu vais sofrer”, não sei se fiz bem ou mal, e ela me disse que já era tarde, estava apaixonada. Eu queria dizer isto para todas, se fosse possível, mas não posso tirar a ilusão dos que amam. Ainda me arrependo de ter falado. Me calei. Às vezes tenho a impressão que os jovens de hoje não amam tanto, só se amontoam, se acasalam, meio desgovernados, não entendem como é o amor, são epidérmicos. Na verdade, eu é que nunca vou saber como é o amor de agora, sei somente que estes jovens vão sofrer menos.
Já escrevi sobre isto, estou repetitiva, acho que me perdi neste texto de amor e de desapego. Não sei falar de amor, parece que ao escrever vou dando pedradas, mas sei que amar dói. Me dói também ver este texto desformatado.