ANOS INCRÍVEIS ERA A SÉRIE!
Por @andreaagnus
Uma das vantagens de ser uma adolescente na década de noventa estavam nos programas de tv da nossa época: infinitamente melhores que os atuais. Sei que essa afirmação pode soar prepotente para você que nasceu a partir do ano 2000, mas nada que eu tenha assistido, até hoje, toca mais meu coração do que a série Anos Incríveis (The Wonder Years), exibida pela TV Cultura no Brasil.
Crescer junto com um jovem que narrava sua vida entre o fim da década de 60 e início da de 70, me fazia acreditar que o passar de uma geração não nos torna tão diferentes assim, apesar do contexto histórico de ambos não serem iguais. O fato é que eu e Kevin Arnold tínhamos em comum nossos conflitos da puberdade: amores, amizades e rupturas de velhos paradigmas.
Entre mim e os personagens de Anos Incríveis, havia uma intimidade garantida pelo narrador em primeira pessoa, aquela sensação de estar conversando com eles que me tomava: Kevin, Winnie e Paul também eram meus amigos.
Ficava imaginando como eu falaria de minha infância, com 30 anos de idade. Kevin parecia tão nostálgico e, ao mesmo tempo, tão grato por tudo o que ele viveu e pelo homem que se tornou.
Mas, somente agora, depois de resolver assistir à reprise do seriado com 39 anos, de rir, chorar e refletir junto com aquele garotinho pisciano, assim como eu, é que me dou conta da semente, em terreno profundo, que ele plantou em mim: meu prazer de contar histórias. De narrar minhas perspectivas e reflexões para vocês que acompanham meus textos. Essa ligação que nasce nas palavras e se eterniza na alma de cada um de nós.
Esse elo que torna o tempo uma coisa não retilínea, uma curva, um buraco de minhoca, que me leva de volta a tudo o que eu sentia quando escutava Kevin, imaginando o que eu ia ser quando crescesse... e uma vontade de continuar fazendo o mesmo questionamento hoje: que mulher eu quero ser?