— Então, você é escritora LGBT?
Por @andreaagnus
Impresso em papel fosco, com dimensões 14 x 21, eis meu mais novo rótulo! Quem me ofereceu a denominação desse “estilo literário”? Alguns membros ansiosos de meu público leitor. Sem saberem que a ansiedade, também é inimiga do conhecimento. Mas, afinal, onde quero chegar com essa crônica, que mais parece uma nota de esclarecimento? Comecemos.
Clarice Lispector, uma de minhas maiores fontes de inspiração, repetiu diversas vezes: “não escrevo para agradar ninguém”. Assim como ela, também valorizo a liberdade de fluência das minhas palavras, que discorrem e enveredam para onde manda meu coração. Meu órgão pulsante é que comanda a cabeça inquieta e não o contrário.
Se, hoje, promovo um romance com temática lésbica, a razão é simples: ser homoafetiva é o meu lugar de fala, mas não é minha identidade literária. Você que me lê deve estar se questionando o porquê da minha necessidade de esclarecer tudo isso. Então, serei límpida como um copo de água mineral retirada da fonte.
Sou lésbica, sim! Com um orgulho infinito da minha sexualidade. Mas, não sou apenas escritora LGBT, pois jamais ousaria limitar a fonte inesgotável de minhas ideias às minhas vivências sentimentais, românticas. Reforço, mais uma vez, com um exemplo: se eu quiser escrever, agora, um conto sobre a situação da crise imigratória mundial ou sobre o desgoverno que está levando nosso país para o abismo, farei sem nenhum receio de me julgarem que estaria fugindo da temática principal dos meus textos.
Por isso, se me verem na rua e quiserem me colocar um cartaz lambe-lambe nas costas, sejam simples: Andréa Agnus – Escritora.