O bode sem ...
No alto e plano lugar, o rei leão observava as hienas que se dividiam em bandos para impedi-lo de continuar a exibir seus rugidos e suas passeatas entre os vales das pedras sem medo da peste que assolava seus animais. Um grupo de carnívoros fedorentos defendia as ações do soberano que se alimentava de suas presas, mas deixava as sobras de carne. Outro grupo se opunha ao rei com saraivadas de pedradas certeiras que atingiam a juba do felino a tentar derrubá-lo para que fosse arrastado para fora do seio da mata.
Subitamente, um bode invadiu a assembleia dos animais que se ensanguentavam numa peleja prevaricada, um animal fora das características do contexto, pois se dizia ser um protetor de patente, entretanto abandonava seu posto para encher seu bucho. Sua chegada foi premeditada por todas as hienas que estavam curiosas pela sua revelação e o que se viu foi um sacrifício entregue ao rei leão. No altar, já havia os preparativos para o ritual e o bode seria imolado como nas muitas tradições do homem que o considera uma figura da tragédia com a verossimilhança do demônio.
Por capricho, o capricórnio da terra se preparava para a degola a oferecer sua cabeça na bandeja, pois se imaginava o resto de seu rebanho longe da tal imunidade determinada pela sua majestade, o rei.
O canto do bode
Atravessou-se na rua o cabo velho
Um bode que não vê o mar
Contudo invade o seio da mata
A convite do novo patamar
O prato do dia é a propina
Que se serve o moco
Há sobre mesa o pacto
E se brinda com drink de coco
Por baixo do pano
Há um plano perfeito
O direito de não ficar calado
A soltar um vírus no ar
E o bode uma estranheza canta
Um trem cheio de contos
Que conota esmiúce do encontro
Ao som de uma versão idiota