NEGANDO-SE AO APEGO ("Pratique a lei do desapego e você notará menos problema em sua vida." — Karol Palumbo)
Meu aniversário está chegando, enlarguecendo meu estado de terceira idade; mas não choro, depois de certa idade, não dói mais, são notórias as mudanças de comportamento que a gente adota para evitar sofrimentos psicológicos e frustrações sentimentais: não responde indiretas, não faz questão de muitos amigos, não corre atrás de ninguém. A gente só quer viver em paz. "Nada contribui mais para a serenidade da alma do que não termos qualquer opinião." (Georg Lichtenberg). E assim seja, se não fosse tão trágico!
Hoje, estive na confraternização dos professores, na despedida do primeiro semestre escolar. Como sempre, fui um tanto intransigente com as pessoas que fazem parte de meus relacionamentos. Eu não gosto do que elas gostam: comer carne, beber cerveja, ouvir música de corno alta, etc. Conviver com as pessoas, já fui melhor nisso. E peço apenas que me respeitem do jeito que sou, como as respeito, alguém já tinha dito que não se vingar já é uma forma de perdão e assim sigo.
"A companhia da multidão é nociva: há sempre alguém que nos ensina a gostar de um vício, ou que, sem que percebamos, transmite-nos esse vício por completo ou em parte. Quanto mais numerosas forem as pessoas com as quais convivemos, maior é o perigo." (Sêneca). Na verdade, sempre sou o desestabilizado da história toda. É trágico porque, apesar de tudo, ainda gosto muito de estar ali na escola com meus colegas de trabalho, mesmo fora da hora de aula, contando histórias do passado e fantasiando o futuro, mexendo com nossas lembranças e ambições, tocando o coração e a alma uns dos outros. Tudo isso faz valer o emprego do tempo. CiFA