DE VIRGULINO A LÁZARO
DE VIRGULINO A LÁZARO
29jun21
Mais de 80 anos e tudo continua como dantes neste quartel de Abrantes. O cão vira-lata continua latindo e cão que ladra não morde. Como na época de Lampião e apesar de todo o desenvolvimento tecnológico que vivemos onde os “macacos” da “volante” foram substituídos por policiais treinados e portadores de armas de visão noturna, drones, helicópteros e todo aparato ultra moderno de comunicação, o que vemos é uma pátria carente de heróis onde o bem e o mal são visitados a procura daquele que, independentemente do caráter, possa representar e desta forma expurgar nossa síndrome de depressivos compulsivos.
Os “heróis” que criamos no mal, são romantizados por suas inferioridades: numérica, cultural, tecnológica, instrumental e social. Eles representam nosso estigma de povo colonizado descendente de escravos, indígenas, europeus, asiáticos e africanos com forte influência religiosa castradora de impulsos de coragem. Somos viciados em medo.
Nossas tendências ego depressivas são evidenciadas na política onde sabemos claramente com quem está o bem e o mal, mas, que a cada ciclo eleitoral não conseguimos evidenciar de que lado estamos.
Vivemos aos trancos e barrancos movidos a quadriênios que nos atrasam ou impulsionam como forma de manter a imorredoura esperança o que nos faz esquecer que vivemos é o agora, sem ele não há futuro.
Gritamos por justiça ao mesmo tempo que somos incapazes de cumprir a velocidade máxima ao dirigirmos nossos bólidos, tão claramente estampada em nossas caras, a não ser que por lá existam ocultos e camuflados radares que só preservam o caixa das prefeituras.
Convivemos com reforços psicológicos como o que vemos em frases como “rouba mas faz”, “se preocupa com os necessitados”, “este é do povo”, esquecendo que: quem rouba, desfaz. Quem se preocupa com os necessitados, capacita-os. Do povo é aquele por ele escolhido e que não adianta reclamar depois.
Se verificarmos a história de Lázaro e de Virgulino, veremos que a peça tragiromântica é a mesma só mudaram os atores, o ritmo e detalhes cenográficos.
De Virgulino a Lázaro ou vice-versa, pois já não sei se estamos indo ou voltando, o que vejo é que só giramos como ponteiros de um relógio que sempre apontam para as mesmas direções temporais.
A velocidade da informação e a pressa em que todos nós vivemos sem uma razão, pois nosso destino é comum para todos, alterou de anos para dias a saga dos Robin Hood tupiniquins.
Brava gente brasileira, ou ficar a pátria livre, ou ...
Geraldo Cerqueira