As constelações
Havia uma tímida garota que costumava contemplar as estrelas e as constelações, em noites infinitas de solidão. Ela acreditava que no imensurável vazio do coração humano, talvez fosse possível encontrar pelo menos um pouco de amor pulsando em vida.
Um dia tal garota foi amada por um outro garoto tímido, que nunca quis se confessar para ela com medo dos próprios sentimentos. Este garoto contemplava o céu com a certeza de que era impossível amar e ser amado por ninguém. E que melhor seria guardar seu amor só para si, e ficar só, como as estrelas.
Sem saber de tais sentimentos, a garota mantinha uma grande amizade com o tal garoto a ponto de virarem íntimos. Ela dizia que ele era seu melhor amigo, e ele lutava para se libertar dos sentimentos que tinha por ela. Um dia ela revelou algo que fez o brilho da estrela dele fraquejar.
"William, acho que estou gostando do Felipe... Estou pensando em me declarar!"
"O quê? Desde quando você está gostando dele?"
"Ann tem um tempo, mas eu não sei se ele vai gostar de mim. O que você pensa disso?"
"Alessandra, não posso decidir pelo seu coração. Mas é útil eu dizer que não deve se envergonhar daquilo que te faz feliz..."
"Interessante... E quanto a você? Já gostou de alguém? Já se declarou?"
"Eu gostei de uma garota, mas não a disse. No fundo penso que esse assunto de amor é uma grande mentira. Já viu quantos casamentos dão errado? As vezes parece que o ser humano não foi feito para amar."
"Então para o que ele foi feito?" Ela questionou imediatamente e ele não pôde responder, e ela acrescentou. "Você não se declarou porque ficou com medo de ser rejeitado. Mas todos que amam querem ser correspondidos. E a rejeição não significa o fim do amor. Quem ama sabe dar espaço e aceitar as decisões do amado."
"Alessandra... Você não deve saber o que é viver de ilusão. É o abismo mais solitário de todos. Estar apaixonado por alguém que nem sabe sobre seus sentimentos é idiotice. Só os tolos cometem esse erro. É muito fácil machucar e ser machucado. Então para evitar a dor de ambos, melhor seria nunca gostar de ninguém."
Ela suspirou fundo e parou de responder. Olhando nos olhos de seu amigo e conseguiu perceber a verdade. Ele dizia aquelas coisas porque estava realmente sofrendo por alguém. Isso a fez perguntar:
"Essa garota... Você ainda gosta dela? Ou você não a ama mais?"
William congelou diante de tal pergunta. Ele sabia que devia fazer de tudo para esconder de Alessandra seus sentimentos, e ao mesmo tempo, sentia que não deveria mentir para ela sobre absolutamente nada. No meio do muro, ele apenas respondeu:
"Eu não posso amar ela. Eu preciso esquecer dela. Mas sinceramente é muito difícil... Você entende isso, Sam?"
"Eu entendo... Sinto muito que não tenha dado certo. Espero que um dia você possa encontrar, todo amor que cansou de procurar. E que te faça entender que no fim das contas, vale a pena. E não é sobre como termina, mas sim como dura"
William se silenciou em profundo respeito e gratidão ante as palavras de sua amiga. Palavras essas que tiveram o poder de penetrar e iluminar anos-luz de escuridão existencial.
Embora ele soubesse que nunca haveria nada além entre os dois. Agora o peso de ama-la não era mais uma prisão sentimental, e sim, um privilégio de amar por vontade própria.