Não preciso ser, eu sou.
Carregar o estigma de perfeição é uma bandeira que não ostento, sou tão estampada de defeitos, e meu jeito não é uma tela plana. Os borrões das escolhas erradas faz-me demasiadamente humana, pois a bússola da certeza é relativista.
É que, o certo e o errado, depende muito do poder de quem fala e da conveniência de quem escuta. Sempre estou atenta aos discursos, mas tenho a faculdade de decidir, e nunca fico em cima do muro, apesar da sensação de conforto, prefiro a liberdade de escolha.
Outra posição que não ocupo é a de primeiro lugar, nem quero! Ser a número 1 é propaganda da Brahma, e o peso de tornar-se a melhor é disputa acirrada, qualidade do capitalismo. Sou despretenciosa de titularidade, busco o conhecimento científico por ser amante do encadeamento lógico.
Quanto mais procuro o saber, mais ele se esconde de mim. Um jogo que não tenho chance de vencer, minha cegueira é permanente. Ainda bem, imagine saber tudo? O suficiente já está de bom tamanho. Acéfala seria uma mula sem cabeça, sou feliz com a minha, e pensar é o meu hobby.
Não tenho nenhum trauma de inferioridade, tampouco sigo a teoria de Narciso. Gosto mesmo do caminhar solitário, sem estrelismo, sem holofotes e sem publicidade. Sempre gostei de estar nos bastidores fazendo acontecer, sem alarde, no anonimato, me descobrindo e sendo descoberta. Não preciso ser, eu sou.