A VINGANÇA DO CEROL ("Enquanto você está correndo atrás de pipa, outro tá passando cerol na sua namorada." — Beatriz Cordeiro)
Por esse tempo, em julho, são as férias escolares e venta muito nesta região. Então, é comum ver a molecada correndo na rua com a cara para cima (literal e metaforicamente). Não são raras as vezes que pego um "molecão" (duvido que seja menor) em cima do muro, gritando não puxa, não puxa, não puxa... Os concorrentes grudados na rabiola dele. E assim invadem chácaras, quintais baldios e casas de família, irritando a cachorrada que late sem parar, pelo prazer da brincadeira extravagante.
Transferiram a erotização aprendida nos filmes, novelas e desenhos para crianças à brincadeira, fonte de prazer físico e psicológico, sem esconder o uso da terminologia chula de duplo sentido.
Eu também fui criança, mas minhas brincadeiras não incomodavam ninguém e nem me prejudicavam. Como a vida simples no interior era saudável! Aqui na cidade grande, atrás de uma "raia", há sempre um vadio brincando de cortar o pescoço de um motoqueiro trabalhador: a maldade dos pais presente nos filhos até a terceira geração! Que Deus inverta o processo, para efeito de consequência, cobrando a maldade dos filhos nos pais. Assim descontinuará a guerrinha, na qual um corta o fio da vida do outro com o cerol afiado do falso diamante: apenas caco de vidro moído. Quem tem a vida moída também não tem nada a perder, esta é uma pessoa perigosa. Findo aqui, fazendo minhas as palavras de Alexander Pope: "Um pouco de cultura é uma coisa perigosa." (Cifa