O Carma

Eu não tenho parentes, além da minha mãe, pode ser uma coisa impossível mas é verdade. Minha mãe Karla foi criada em uma cidade do interior aos 18 anos foi obrigada sair de lá, foi trabalhar de empregada doméstica, trabalhava e dormia no serviço, o tempo foi passando e ela conheceu a Stefany, juntas foram para São Paulo dizem que lá ganha mais e as pessoas são ricas, juntou um pouco de dinheiro e foram.

Stefany se apaixonou por um rapaz, engravidou e foi morar com ele, numa pequena casa alugada. Minha mãe Karla tinha um belo corpo, chamava atenção dos homens, moça virgem e religiosa queria se casar virgem.

Naquela época ela trabalhava na casa de Dona Josefa, senhora que ajudava na paróquia local, com a morte do padre Aurélio, veio o padre de Fortaleza, o jovem de 32 anos padre Lucas José.

A empregada da igreja ficou grávida e se afstou, Dona Josefa colocou Karla para trabalhar para o padre e contratou uma nova empregada.

O padre morava ao lado da igreja, uma casa confortável, tinha quarto e banheiros de empregada. Ambos disfarçava mas estava rolando uma atração física entre eles. Um dia rolou um beijo e um abraço, ele pediu desculpas, ela se sentiu pecadora, ele era um padre.

Ambos naquela casa a paixão explodiu, transaram muitas vezes na cama dele. Três meses depois a menstruação não veio, cinco meses depois a barriga estava saliente. Dona Josefa perguntou se Karla estava grávida,ela não sabia dizer. Ela conversou com o padre da desconfiança da gravidez da empregada, ele falou que não sabia se ela tinha namorado.

O padre Lucas José alugou um cômodo, comprou um fogão, uma geladeira, um colchão usado e um pouco de utensílios domésticos, prometeu que ia mandar dinheiro e resolver o que ia fazer, para ela aguardar até a criança nascer. Padre Lucas José não ia largar tudo por causa de uma mulher  e um filho, estudou tanto e se não continuar no sacerdócio, vai fazer o que da vida, ganhar dinheiro como para sobreviver. Comunicou que não ia apresentar o pedido de dispensa dos deveres do estado clerical.

A criança nasceu, uma menina, a chamou de Mariana e ele ajudou a pagar o aluguel por um ano, logo trocou de paróquia e não pagou mais aluguel. Karla começou fazer várias faxinas em várias casas, ganhava bem mais que empregada, assim foi tocando a vida. Morou com alguns homens mas não deu certo, não teve mais filho. Comprou um modesto apartamento onde morávamos.

Quando diz 18 anos ela me contou toda minha história, onde sou filha de um padre. Minha mãe sempre foi muito religiosa, sempre vai a missa aos domingos, como pode ter coragem de ter um caso com um padre.

Tive um namoro longo, onde vivíamos a castidade. Enfrentamos dificuldades, mas era uma decisão de nós dois. Era um amor lindo, entre eu e Tales, ele escrevia poemas para mim e eu lindas cartas em folhas de caderno. Sonhávamos com um lindo casamento, nossa casa, nossos filhos etc. Um dia ele terminou comigo sem motivo aparente e sumiu. Foi para casa do tio para trabalhar e lá começou namorar uma moça.

Sofrir demais, era louca por ele, sonhava em casar com ele. Nunca entendi o porque do termino. Jurei nunca mais me apaixonar.

Até conhecer o Roberto, um rapaz lindo moreno claro, cabelo preto liso, um sorriso encantador. Nos beijamos uma vez, me apaixonei. Depois desse beijo começamos a ficar, trabalhávamos juntos e tudo ia bem. Um dia ele contou os seus planos futuros, ele iria ser seminarista. Estava confuso, entre eu e o seminário. Mas o amor pelo seminário era maior. Então nos afastamos. Ele foi para o seminário seguiu seu destino, nunca ia me esquecer. Fiquei triste, mas estou tocando minha vida paguei o carma de ser filha de um padre, assim como minha mãe amei e fui amada mas não pude ficar com meu amor.

Ai me pergunta o que é pior, amar o que não se pode ter ou amar o que nunca será seu?

Cynthia Thayse
Enviado por Cynthia Thayse em 26/06/2021
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