O documentário e e relatório
Uma reportagem do Mar sem Fim relata a saída de Ricardo Salles do ministério do Meio Ambiente. Seu pedido de demissão foi comemorado pelos ambientalistas. Entretanto, como diz na reportagem não se deve esperar grandes mudanças. O Brasil não tem uma política de estado para o setor. “Salles era mais um boneco ventríloquo operado pelo presidente”, diz a reportagem. Há muitos desses bonecos no governo.
Que as mudanças climáticas estão alterando o nosso planeta é um fato. Há consenso de que já são irreversíveis. Tudo o que os humanos fizerem a partir de agora para combatê-las terão apenas efeitos paliativos. Só nos será permitido atrasar o inevitável.
Toda realidade é o resultado de uma ficção. Essa é uma boa definição para o documentário “Dois graus: o ponto sem volta”. Esse ponto de onde será impossível voltar será atingido ainda neste século. Nossos netos serão os primeiros obrigados a viverem num planeta completamente diferente e muito mais hostil.
O documentário mostra como os Estados Unidos, a maior economia do mundo, se desintegrará a partir do momento que a temperatura do planeta superar os 2ºC. As violências dos fenômenos climáticos causados pelas mudanças climáticas farão o impensável. O império desabar e desaparecer.
Estudos apontam que atingiremos 2ºC até 2050. O documentário vai mostrando o que os americanos enfrentarão à medida que a temperatura aumenta. Quando milhões começarão a morrer. Os poucos que sobreviveram terão a pior das mortes. Morrerão de fome. As catástrofes serão planetárias.
Deixando o documentário seguimos para o relatório. No site da revista Veja é possível ler uma reportagem sobre o esboço de um relatório com 4000 páginas do Painel Intergovernamental as Mudanças Climáticas (IPCC), que será divulgado em fevereiro de 2022.
Diria que o título da reportagem é mais um alerta do que para assustar: “Mudanças Climáticas farão milhões de vítimas, diz relatório da ONU”. De 1,5ºC chegando a 3ºC, o relatório traça cenários devastadores para os humanos. A extinção de espécies sofrerá uma aceleração. O calor será insustentável à vida humana. Os ecossistemas e as plantações de alimentos entrarão em colapso.
Com secas severas, a água se tornará ainda mais escassa. Novas doenças se multiplicarão. Esqueçam os dias atuais. A pobreza e a desigualdade serão sem precedentes. A reportagem traz uma frase de impacto que está no relatório: “O pior ainda está por vir, afetando a vida de nossos filhos e netos muito mais do que as nossas”.
Muito melhor, talvez uma dádiva, do que alertar filhos e netos para esse futuro trágico que deixaremos de herança seria deixar de tê-los.