Oração a Santo Antônio

Sarita colheu uns lírios, boto-os numa floreira, e levou a Santo Antônio. Esse ficava no oratório, num cantinho do seu quarto. Ele era o santo da sua devoção, por mão de sua mãe. Ajoelhou-se a seus pés e começou a falar com ele. O oratório mais no alto, ele parecia estar olhando para ela, embaixo.

- Ah, meu Santo Antônio, me arranja um noivo pra casar! Sou até bonitinha, não tenho chulé, nem o hálito ruim - o santo olhando para ela, interessado.

- Eu tenho o coração bom, preguiçoso pra brigar, esquecido pra guardar mágoa... – o santo balançava a cabeça, aprovando as palavras.

-Eu sou teimosa, o senhor sabe, mas sou teimosa quando tenho muita convicção – aí o santo olhou para cima, pedindo paciência a Jesus.

Ah, meu Santinho, queria tanto um noivo pra dormir de conchinha e me esquentar do frio de junho... – o santo pigarreou, e santo que era, ficou vermelho, muito encabulado.

Ela, insistindo: - mas quero um noivo bonito, inteligente, romântico, de bom coração, calmo, que goste de gente e de bicho, trabalhador, educado, de boa índole e caráter, honesto, fogoso e por cima, que tenha uns cobres no banco – aí o santo começou a bater o pezinho, impaciente com Sarita.

- Ô santinho, considere meu pedido, mas na íntegra, senão melhor não casar – aí Santo Antônio olhou para ela, incrédulo! Que milagre difícil, esse. Só arranjando um santo para Sarita.