Só restará o 19 de abril
Bolsonaro disse, ainda em 2018, que se dependesse dele, não se demarcaria mais terra indígena no Brasil. Está cumprindo a promessa.
Mais: desde que assumiu em 2019, desmobilizou a Funai que hoje se presta ao papelão de tentar coagir, via PF, a representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil APIB, Sônia Guajajara, por críticas feitas ao governo federal na web série Maracá – Emergência Indígena, lançada em agosto de 2020. A Fundação também aprovou uma norma que permite a certificação de propriedades privadas em Territórios Indígenas não homologados, ou seja, naqueles em que falta apenas a assinatura do presidente para conclusão do processo de demarcação.
Agora, volta à pauta, certamente como um aceno à bancada ruralista, o PL 490/07, de autoria do ex-deputado Homero Pereira (PR/MT), que prevê a possibilidade de retirar e explorar áreas do usufruto exclusivo dos indígenas e até forçar o contato de povos isolados, se for do interesse da União ou, ainda, caso os ocupantes percam seus "traços culturais".
Não se poderia esperar nada diferente desse (anti)governo que mantém à frente da Fundação Palmares um sujeito para quem os movimentos negros são "escória" ou, pior, suspeitos por contrabando de madeira ilegal comandando o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA.
Tentando conter mais esta "boiada" que os parlamentares querem fazer passar enquanto as atenções estão voltadas à COVID, seus mais de 500 mil mortos e a péssima gestão bolsonarista desse caos, 850 indígenas de 45 povos estão em Brasília desde o início do mês em defesa de seus direitos, afetados direta ou indiretamente por este e mais outros cinco projetos, dos quais dois compõem aquela lista de prioridades que o Planalto encaminhou ao Congresso após as eleições para a presidência das casas legislativas.
Texto publicado na minha coluna semanal do jornal Alô Brasília.
Veja no jornal acessando:
http://alo.com.br/impresso/qui-24-06-2021/
Estou na página 8, Distrito Federal
Também pode ser lido na minha coluna online
https://alo.com.br/so-restara-o-19-de-abril/