VENDO O AMOR

VENDO O AMOR

Mais amor é o que queremos e, quanto mais o temos, mais nos invade o medo de perdê-lo. Fonte de força e fragilidade, feito de pétalas e espinhos, são inumeráveis as motivações para a continuidade ou o término de um relacionamento.

Mas, será que existe o amor? Tantos poetas já tentaram defini-lo e toda tentativa parece vã. “Amor foge a dicionários e a regulamentos vários”, mas amor também se consulta e suas cláusulas estão sempre implícitas. Por isso não creio que haja amor incondicional.

Com amor se paga, sim, esse estado de graça. E, se eu te amo, porque te amo é mesmo porque não amo bastante ou demais a mim, mas talvez eu te ame porque me amo muito e quero ser amado. Sendo narcisicamente impulsionado a encontrar os seus braços. A sua boca. O seu seio. O seu sorriso. O seu sexo.

Eu estou conjugado em todas as declinações latino-mundiais. E é sendo fraco, é sendo firme que vou te invadindo sem pedir licença. Vou matando, vou ressuscitando as sem-razões do amor, as cem-desrazões de amar. E nosso amor é tanto que vai durar mesmo sem ter chama alguma. Me chama. Eu vou.

Pra onde? Não precisa sabê-lo? Não precisa sê-lo? Vamos às falésias, vamos às falácias. Vendo o amor. Não tem preço nem é de graça. Sim, serei atento, mas não me obrigue a tanto zelo porque meu calvário já é grande demais para suportar tanta carga emotiva.

Pensamentos desencantados me tomam e meu choro contido recolhe teu riso. Teu riso de gozo é a coisa mais bela que posso ter. Para viver um grande amor é preciso estar muito distraído.

Para viver um grande amor é preciso ser, ao mesmo tempo, homem e ser mulher. Para viver um grande amor, é preciso lembrar que nunca se é por inteiro, porque estamos sempre em um “avança-retrocede”.

É preciso ver a pessoa amada como se fosse a primeira e a última e a de sempre e a de nunca. É preciso tomar saudade como um poeta boêmio toma seu uísque. Eu te peço perdão por te amar assim sem saber, e mesmo não sabendo bem fazer. Fica quieta, fica calada para eu te amar assim, na calada da noite. Fica assim para que eu te contemple e nenhuma palavra estrague esse momento.

Eu me voltarei em teus braços. E depois de nos amarmos, o que diremos?

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 24/06/2021
Código do texto: T7285602
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