A CIÊNCIA E A SABEDORIA POPULAR...
(CLÉA MAGNANI)
Eduardo e Rafael – irmãos
Júlio e Helena - os pais
Dona Janaína – cozinheira da família
Enquanto Eduardo e Rafael comentavam as informações Científico Espaciais, que recebiam em seus iPods, Dona Janaína, a cozinheira, arrumava a mesa da copa para o almoço da família para a qual trabalhava havia muitos anos..
A conversa dos dois rapazes, sobre as últimas notícias a respeito do International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), o projeto que envolveu 35 países como Rússia, EUA, Índia, China, Coreia do Sul e Japão, resultado da União Europeia para a realização do maior reator termonuclear do mundo, que está indo desmontado, da Califórnia para a cidade de Saint-Paul-lès-Durance, no sul da França, onde será usado para gerar campos eletromagnéticos em um reator de fusão nuclear, cuja finalidade será a produção de energia limpa, por fusão, na busca de se diminuírem os gastos atuais, que hoje despendem mais energia para a produzir, do que a energia que produzem. Os rapazes iam descobrindo informações sobre o equipamento que, quando totalmente pronto terá 18 metros de altura, 4,3 metros de largura e 1.000 toneladas, contem o ímã, conhecido como solenoide central, constituído de seis módulos individuais, cada um com cerca de 5,6 quilômetros de fio de nióbio recoberto com aço. Só o primeiro módulo levou mais de cinco anos para ser construído. Feito na cidade de La Spezia, noroeste da Itália, considerado o maior ímã do mundo, com 14 metros de altura e 9 de largura, pesando 300 toneladas, é capaz de erguer um porta-aviões com 100 mil toneladas.
No vai-volta da copa para a cozinha, Dona Janaína, ouvia partes da conversa, e perdia outras. Porém quando ouviu Rafael dizer entusiasmado, que seria o Maior Ímã do Mundo, ela arregalou os olhos e fez o sinal da cruz enquanto colocava as travessas fumegantes da feijoada, que era o prato do dia nas quartas feiras: o feijão preto de caldo grosso, as carnes, o arroz soltinho, a farofa de torresminhos crocantes, as laranjas picadas, e a couve verdinha, com aroma de alho frito junto com bacon, cada qual, em sua vasilha de cerâmica.
Sr. Júlio e Dona Helena sentaram-se à mesa ao lado dos filhos, atraídos pelo delicioso o aroma que exalava o almoço, e ao notarem o entusiasmo da conversa dos rapazes, começaram a participar do assunto.
Dona Helena contou que na sua infância, sua tia, que adorava costurar, usava um ímã em sua caixa de costura, e que ela, menina, brincava, esparramando alfinetes e agulhas sobre a mesa, passava o ímã por baixo da tábua, fazendo com que os objetos de aço deslizassem, e ao chegarem na beirada da mesa, todos eram atraídos para o ímã em sua mão, como se um elástico os puxassem. Ela pensava que fosse mágica! E hoje, ela nem conseguia mais acompanhar esse desenvolvimento científico: um Super-Ímã!
Sr. Júlio, lembrava do uso de eletroímãs na indústria, barateando muito o custo onde peças de aço precisariam ser fixadas por outras peças, e com o uso da força magnética, fixavam-se, sem usar outra energia senão a do ímã.
A conversa ficou ainda mais animada quando Eduardo, que estudava medicina, lembrou que certos alimentos, como aquela couve deliciosa, e o feijão preto sublime, que ele iria repetir com prazer, eram ricos em Ferro, além de frutas, e castanhas, carnes e grãos em geral. A natureza nos fornece minerais tanto para o trabalho como para o corpo.
Dona Janaína, almoçando na cozinha, ouvia a conversa da copa; e foi então que ela escutou Rafael, que era professor, dizer que em Julho, durante as férias, iria fazer uma viagem a Paris, e mandaria fotos suas nos pontos turísticos da Cidade Luz, principalmente dele na Torre Eiffel, e, se conseguisse, esperava poder visitar, o ITER, que só será testado em 2025, mas cujas reações de fusão nuclear em grande escala, não ocorreriam antes de 2035.
Ao entrar na copa, para terminar de retirar a mesa e trazer o seu já muito apreciado cafézinho, Dona Janaína, passando por trás de Rafael falou:
- Rafael, acho melhor, quando você estiver lá na França, não chegar muito perto desse tal de ímã que você falou, pois tudo que você come, tem ferro... Vai que você fica grudado naquele “IMÃO” de 14 metros de altura, Meu Deus!!!