O Ceguinho No Restaurante
O relógio marcava o horário do almoço. O restaurante fervilhava de clientes e, dentre eles, um ceguinho que – tartamudeava entre as cadeiras e mesas. Enfim, encontra uma mesa desocupada e nela se assenta. O solícito garçom se aproxima e lhe diz:
- Senhor... infelizmente não temos um cardápio em braille para melhor lhe atender! Mas, em que posso servi-lo?
- Não tem importância! Traga para mim uma colher ou uma das facas que já fora usada e que, ainda, não foi lavada. Pelo cheiro que ela tiver, eu consigo identificar o prato servido e – se gostar – farei o pedido!
O garçom se afasta, vai até a cozinha e pega uma faca usada e não lavada e entrega-a ao ceguinho. O Ceguinho cheira a faca, lambe-a e diz: - Oba! Estrogonofe!... Adoro estrogonofe de frango. Pode trazer este prato! - Barbaridade tchê! Bah!... Nunca vi nada igual aqui, pelas bandas dos pampas! Que paladar fenomenal. É tiro dado e bugio deitado! – comentou!
Prato servido... O Ceguinho comeu, pagou e se despediu.
E, assim, o tempo foi passando... a história se repetindo sem que – uma vez sequer – o Ceguinho errasse na escolha do prato a lhe ser servido.
A Repetição da História:
O horário do almoço se aproxima e lá vem o Ceguinho para tomar a sua refeição. Assenta-se à mesa, e desta se aproxima o costumeiro garçom. Por já saber das qualidades do ceguinho na escolha do prato, ele trouxera várias facas – como sempre usadas e não lavadas. Era uma espécie de “menu olfativo”, para o excêntrico cliente cego.
O Ceguinho agradece, cheira e lambe uma, duas e, na terceira cheirada e lambida dada, anuncia: - Esta feijoada parece estar uma delícia. Traga-a para mim!
O cego – para o incrédulo garçom – não errava nunca. Bacalhoada, Bife a Cavalo, Macarronada e Moqueca eram os produtos oferecidos ao cego pelo “menu olfativo”. Mas, tudo era fichinha para o arguto e fino faro do Ceguinho. Ele provava, dizia o nome do prato oferecido, rejeitou-os e escolheu o prato feijoada!
- Amanhã vou aprontar, para este cego FDP, uma armadilha! Duvido que ele vá acertar o prato que lhe oferecerei – pensara o garçom que, de há muito, já tinha em mente o que deveria fazer para “deixar o coitado Ceguinho em maus lençóis” – dissera o garçom para os demais amigos, também, garçons!
E o amanhã chegara. O horário e o Ceguinho chegaram juntos. O Cego assenta-se à mesa e dela se aproxima o sorridente e malvado garçom que – na sua maldosa mente – trazia o traçado plano e arma para enganar o Ceguinho.
-Bom dia senhor! – cumprimenta ao Ceguinho!
-Bom dia! – responde o Ceguinho! O que temos para hoje? – indaga!
-Vou buscar o seu menu! – responde-lhe o garçom se afastando rumo à cozinha!
Em lá chegando, chama a cozinheira (Abro um parêntese para dizer algo importante: - A cozinheira era esposa do garçom!) e lhe diz:
-Nair, vá lá ao banheiro e passa esta faca naquele lugar, “na perseguida” – você sabe!
-Você está doido, homem? – indaga a incrédula Nair ao marido!
-Ah!... Deixa de frescura... vá? É só uma brincadeira que farei.
Obediente que só, a Nair vai e esfrega bastante a faca na “dita cuja” e a devolve ao marido, não sem antes lhe avisar:
-Veja bem o que você vai aprontar, viu?
Rindo por estar armado com unhas e dentes – e com a preparada faca, claro – o garçom, antegozando o sucesso do seu maquiavélico plano, se dirige ao Ceguinho e lhe entrega o preparado “menu olfativo”.
O Ceguinho – como de costume, pegando a faca – lambe-a, cheira, repete o ato de lamber/cheirar e exclama um saudoso: - “hum... que delícia, meu Deus!” Em seguida, solta um suspiro de saudade, dá um grito de alegria dizendo:
-Garçom! Não é possível! A minha amada Nair trabalha aqui?
- Senhor... infelizmente não temos um cardápio em braille para melhor lhe atender! Mas, em que posso servi-lo?
- Não tem importância! Traga para mim uma colher ou uma das facas que já fora usada e que, ainda, não foi lavada. Pelo cheiro que ela tiver, eu consigo identificar o prato servido e – se gostar – farei o pedido!
O garçom se afasta, vai até a cozinha e pega uma faca usada e não lavada e entrega-a ao ceguinho. O Ceguinho cheira a faca, lambe-a e diz: - Oba! Estrogonofe!... Adoro estrogonofe de frango. Pode trazer este prato! - Barbaridade tchê! Bah!... Nunca vi nada igual aqui, pelas bandas dos pampas! Que paladar fenomenal. É tiro dado e bugio deitado! – comentou!
Prato servido... O Ceguinho comeu, pagou e se despediu.
E, assim, o tempo foi passando... a história se repetindo sem que – uma vez sequer – o Ceguinho errasse na escolha do prato a lhe ser servido.
A Repetição da História:
O horário do almoço se aproxima e lá vem o Ceguinho para tomar a sua refeição. Assenta-se à mesa, e desta se aproxima o costumeiro garçom. Por já saber das qualidades do ceguinho na escolha do prato, ele trouxera várias facas – como sempre usadas e não lavadas. Era uma espécie de “menu olfativo”, para o excêntrico cliente cego.
O Ceguinho agradece, cheira e lambe uma, duas e, na terceira cheirada e lambida dada, anuncia: - Esta feijoada parece estar uma delícia. Traga-a para mim!
O cego – para o incrédulo garçom – não errava nunca. Bacalhoada, Bife a Cavalo, Macarronada e Moqueca eram os produtos oferecidos ao cego pelo “menu olfativo”. Mas, tudo era fichinha para o arguto e fino faro do Ceguinho. Ele provava, dizia o nome do prato oferecido, rejeitou-os e escolheu o prato feijoada!
- Amanhã vou aprontar, para este cego FDP, uma armadilha! Duvido que ele vá acertar o prato que lhe oferecerei – pensara o garçom que, de há muito, já tinha em mente o que deveria fazer para “deixar o coitado Ceguinho em maus lençóis” – dissera o garçom para os demais amigos, também, garçons!
E o amanhã chegara. O horário e o Ceguinho chegaram juntos. O Cego assenta-se à mesa e dela se aproxima o sorridente e malvado garçom que – na sua maldosa mente – trazia o traçado plano e arma para enganar o Ceguinho.
-Bom dia senhor! – cumprimenta ao Ceguinho!
-Bom dia! – responde o Ceguinho! O que temos para hoje? – indaga!
-Vou buscar o seu menu! – responde-lhe o garçom se afastando rumo à cozinha!
Em lá chegando, chama a cozinheira (Abro um parêntese para dizer algo importante: - A cozinheira era esposa do garçom!) e lhe diz:
-Nair, vá lá ao banheiro e passa esta faca naquele lugar, “na perseguida” – você sabe!
-Você está doido, homem? – indaga a incrédula Nair ao marido!
-Ah!... Deixa de frescura... vá? É só uma brincadeira que farei.
Obediente que só, a Nair vai e esfrega bastante a faca na “dita cuja” e a devolve ao marido, não sem antes lhe avisar:
-Veja bem o que você vai aprontar, viu?
Rindo por estar armado com unhas e dentes – e com a preparada faca, claro – o garçom, antegozando o sucesso do seu maquiavélico plano, se dirige ao Ceguinho e lhe entrega o preparado “menu olfativo”.
O Ceguinho – como de costume, pegando a faca – lambe-a, cheira, repete o ato de lamber/cheirar e exclama um saudoso: - “hum... que delícia, meu Deus!” Em seguida, solta um suspiro de saudade, dá um grito de alegria dizendo:
-Garçom! Não é possível! A minha amada Nair trabalha aqui?
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Nota do autor:
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou o Projeto de Lei (PL 1.550/2019), que obriga bares, lanchonetes e restaurantes de médio e grande porte a oferecer cardápio em braille. O texto ainda deve passar por mais um turno de votação na comissão, antes de seguir para a Câmara.
- A matéria é muito clara, o objetivo é exemplar e fomenta a independência e a autonomia das pessoas com deficiência visual, o que é digno de apreço.
Fonte: Agência SenadoA Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou o Projeto de Lei (PL 1.550/2019), que obriga bares, lanchonetes e restaurantes de médio e grande porte a oferecer cardápio em braille. O texto ainda deve passar por mais um turno de votação na comissão, antes de seguir para a Câmara.
- A matéria é muito clara, o objetivo é exemplar e fomenta a independência e a autonomia das pessoas com deficiência visual, o que é digno de apreço.
Imagem: Google